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Dólar tem maior alta em 1 ano com eleições e cenário externo

15 out 2014 - 18h41
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<p>Moeda americana subiu&nbsp;mais de 2% e voltou&nbsp;a superar R$ 2,45, nesta quarta-feira, 15 de outubro</p>
Moeda americana subiu mais de 2% e voltou a superar R$ 2,45, nesta quarta-feira, 15 de outubro
Foto: Beawiharta / Reuters

O dólar fechou esta quarta-feira com a maior alta em mais de um ano, alcançando no intradia o nível de 2,46 reais, com expectativas sobre as pesquisas eleitorais do Datafolha e do Ibope exacerbando o impacto do mau humor nos mercados globais.

A moeda norte-americana acelerou os ganhos na reta final dos negócios, após o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, nomeado por Aécio Neves (PSDB) como seu ministro da Fazenda, afirmar em entrevista à Reuters que o programa de intervenção diária do BC no câmbio será imediatamente interrompido se o tucano for eleito.

A moeda norte-americana subiu 2,37 por cento, a 2,4575 reais na venda, após chegar a 2,4636 reais na máxima da sessão. Foi a maior alta diária desde 21 de agosto de 2013, quando subiu 2,39 por cento, momento em que o Federal Reserve, banco central norte-americano, sinalizava que reduziria em breve seu programa de compra de títulos.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1 bilhão de dólares.

"Houve uma aversão ao risco generalizada no mercado externo. Como aqui o mercado está muito sensível, em função das incertezas relacionadas às eleições, o mercado acaba reagindo de forma muito mais intensa", explicou o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.

Levantamentos eleitorais têm guiado o mercado doméstico nas últimas semanas, com sinais de bom desempenho de Aécio --preferido por profissionais do mercado por prometer uma política econômica mais ortodoxa-- associados a quedas da moeda norte-americana no mercado local.

Pesquisas de institutos menos acompanhados pelo mercado, como o Sensus, apontaram recentemente cenários diferentes dos levantamentos do Datafolha e do Ibope, confundindo investidores. Nova pesquisa Ibope será divulgada após o fechamento desta sessão, enquanto o Datafolha pode sair a partir desta quarta-feira.

"O mercado está muito especulativo nessas últimas semanas e, em dia de pesquisa (eleitoral), isso se acentua ainda mais. Está imprevisível", afirmou o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.

A pressão eleitoral sobre o mercado doméstico somou-se à profunda aversão ao risco nos mercados globais, desencadeada por uma rodada de indicadores econômicos fracos sobre a economia norte-americana.

Os números deram mais força às preocupações com o crescimento econômico global e levaram investidores a venderem ativos de maior risco, como os brasileiros, e se refugiarem em papéis denominados em dólar. Nesse quadro, a moeda norte-americana se fortaleceu em relação às principais moedas emergentes.

Já outras divisas, como o euro, se valorizaram frente ao dólar, refletindo expectativas de que a desaceleração da economia global pode levar o Fed a adiar o início do aumento dos juros. Taxas mais altas nos EUA poderiam atrair recursos aplicados em outras economias, como o Brasil.

Banco Central

O dólar voltou às máximas da sessão na reta final do pregão, reagindo a declarações de Fraga à Reuters. Segundo o economista, a intervenção diária do BC no câmbio seria removida imediatamente num eventual governo de Aécio Neves, enquanto o estoque de swaps do BC poderia ser desmontado ao longo do tempo

"Está claro que o câmbio vai voltar a se aproximar dos fundamentos num governo Aécio e, pelo bem ou pelo mal, os fundamentos indicam que o real deveria estar mais desvalorizado", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 2,2 mil contratos para 1º de junho e 1,8 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 197,5 milhões de dólares.

O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de metade do lote total, equivalente a 8,84 bilhões de dólares.

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