Dólar vai a R$ 2,90 à espera de medidas econômicas na Grécia
Preocupação com a deterioração dos fundamentos macroeconômicos do Brasil também impulsionou a alta da moeda norte-americana
Após superar R$ 2,90 pela primeira vez em mais de dez anos mais cedo, o dólar alternava entre leves altas e baixas nesta segunda-feira, puxado para cima por preocupações com a Grécia e com a economia brasileira e para baixo pela ação de exportadores e operações de realização de lucros.
Às 12h06, a moeda norte-americana recuava 0,03%, a R$ 2,8751 na venda, avançando pela quinta sessão consecutiva. Na máxima da sessão, a divisa chegou a R$ 2,9046 e, na mínima, a R$ 2,8715. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de US$ 90 milhão.
"Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
Os mercados financeiros globais têm sido pressionados por preocupações com a possibilidade de os desentendimentos entre a Grécia e seus parceiros europeus levarem à saída de Atenas da zona do euro, em mais um golpe à frágil recuperação econômica global.
Na sexta-feira, ministros das Finanças do bloco monetário chegaram a um acordo para estender o programa de resgate à Grécia por quatro meses, mas o país ainda precisa apresentar uma lista de reformas nesta segunda-feira, que deve ser aprovada por seus credores para ratificar o compromisso.
"A Grécia precisa correr para assegurar o acordo. Até lá, o clima vai continuar pesado", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Nesse quadro, o dólar apreciava-se contra moedas como o euro e os pesos chileno e mexicano.
Investidores também vêm mostrando preocupação com a deterioração dos fundamentos macroeconômicos do Brasil e, por isso, diminuído o ritmo de compras de ativos denominados em real. Economistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus diminuíram novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, projetando contração de 0,50%, ante 0,42% na semana anterior.
Por fim, as atenções voltavam-se ainda para a política monetária norte-americana. Na semana passada, a ata da última reunião do Federal Reserve chegou a trazer alívio ao câmbio, sugerindo que o banco central dos EUA poderia não dar início ao aperto monetário em junho, mas parte do mercado interpretou que o documento estava defasado por não refletir os mais recentes indicadores econômicos.
Na terça-feira, a chair do Fed, Janet Yellen, falará a um comitê do Senado, em um pronunciamento que pode trazer mais clareza sobre as perspectivas para o aumento de juros na maior economia do mundo, que poderia atrair para fora do Brasil recursos externos.
Nesta manhã, o BC brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,8 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 79% do lote total.
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