Dona de Fiat e Jeep anuncia investimento de R$ 30 bilhões no Brasil; aporte recorde chega a R$ 95 bilhões até 2032
As cifras podem ser ainda maiores: pelos cálculos da Anfavea, a previsão de aportes chega a R$ 117 bilhões até 2029
A Stellantis anunciou um investimento de R$30 bilhões no Brasil para 2025-2030, que incluirá lançamento de 40 novos produtos, desenvolvimento de tecnologias de descarbonização de veículos e início do lançamento de híbridos-flex no 2º semestre deste ano.
A fabricante Stellantis, que detém marcas como Fiat e Jeep, divulgou nesta quarta-feira, 6, um investimento de R$ 30 bilhões no Brasil entre o período de 2025 a 2030. O montante representa o maior valor já direcionado para a indústria automobilística nacional, segundo informações do jornal O Globo.
Com o anúncio, o volume de investimentos programados pelas montadoras no País alcançou a marca de R$ 95 bilhões até 2032, o maior ciclo da história. As cifras podem ser ainda maiores. Pelos cálculos da Anfavea, entidade que representa a indústria automotiva, a previsão de aportes chega a R$ 117 bilhões até 2029.
O investimento irá incluir o lançamento de pelo menos 40 novos produtos, como motores e carros, além do avanço no desenvolvimento de tecnologias destinadas à descarbonização dos veículos fabricados pela companhia.
O comunicado foi feito em Brasília após uma reunião da diretoria da empresa com o presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT). A fabricante informou que uma parcela significativa dos recursos será alocada para os modelos híbridos-flex, ou seja, veículos elétricos que também podem ser movidos a gasolina e etanol. O primeiro lançamento dessa categoria está previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano.
A montadora, porém, não forneceu informações detalhadas sobre como os investimentos serão distribuídos entre suas fábricas, mas garantiu que o plano é exclusivo para o Brasil, onde a Stellantis detém unidades em Betim (MG), Porto Real (RJ) e Goiana (PE).
Investimento no setor
Há dois meses, o governo Lula lançou um novo programa de apoio à indústria automotiva, o Mover, cuja regulamentação é esperada para este mês. Sucessor do Rota 2030, que terminou em dezembro de 2023, o Mover - acrônimo de Mobilidade Verde - vai liberar R$ 19,3 bilhões para as montadoras produzirem carros mais seguros e menos poluentes.
O programa, que vai até 2028, já surte efeitos, com os anúncios de investimentos pelas montadoras. Só nesta semana, em dois comunicados, o volume divulgado chega a R$ 41 bilhões, pois, além dos R$ 30 bilhões da Stellantis, a Toyota informou que deve investir R$ 11 bilhões também até 2030 para ampliação da oferta de automóveis híbridos flex. A montadora japonesa é pioneira nessa tecnologia, ao combinar um motor a combustão movido a gasolina e etanol com um elétrico, no Corolla, desde 2019.
No caso da Stellantis, os investimentos são fruto não apenas do Mover, mas também da prorrogação dos incentivos regionais, que beneficiam sua fábrica em Pernambuco. Em novembro, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), disse que a manutenção dos estímulos - conquistada pela Stellantis após uma queda de braço com Volkswagen, GM e Toyota na tramitação da reforma tributária - assegurava pelo menos US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,4 bilhões) na operação da Stellantis na cidade de Goiana.
O Mover tem o objetivo de acelerar a eletrificação no País. Previsões de consultorias como a A? os americanos ainda estão hesitando; aqui na América Latina temos o flex fuel; obviamente que os africanos não poderão pagar pelos veículos elétricos. Portanto, são necessárias soluções específicas a cada região", acrescentou o executivo.
A saída para popularizar os carros elétricos, emendou Tavares, seria, então, vender a tecnologia com prejuízo, o que comprometeria a saúde financeira das empresas, com consequente risco de demissões. Por outro lado, subsídios a novas tecnologias esbarram no maior endividamento dos governos após os gastos extraordinários na pandemia.
Nesse sentido, o CEO da Stellantis disse que o biocombustível brasileiro, combinado a um motor elétrico em carros híbridos, permitirá que a eletrificação aconteça de forma acessível à classe média, ao contrário de outros mercados. O motor flex representa, conforme Tavares, uma solução que é tanto "amiga" do meio ambiente quanto acessível.
Entre as tecnologias contempladas pelos novos investimentos da Stellantis, em várias etapas de descarbonização, a montadora planeja aprimorar propulsores movidos apenas pelo etanol. Em todo o mundo, o grupo investe € 50 bilhões na transição energética. *Com informações do Estadão Conteúdo