Drex: Banco Central chama novos participantes para segunda fase de testes do real digital; entenda
Objetivo é de selecionar mais instituições financeiras para testes dos contratos inteligentes, baseados em blockchain
A partir da próxima segunda-feira, 14, o Banco Central receberá proposta de entidades interessadas em participar da segunda fase dos testes do Drex, a moeda digital do real que tem previsão de entrar em operação a partir de 2025.
Segundo comunicado emitido nesta quinta-feira, 10, pelo BC, as propostas serão aceitas até o dia 29 de novembro, e devem focar no desenvolvimento de casos de negócio para a implementação própria por meio de smart contracts (contratos inteligentes) na plataforma do projeto piloto.
Os smarts contracts, ou contratos inteligentes, consistem em programas que executam automaticamente os termos e condições de um contrato baseados no blockchain, a tecnologia de registro instantâneo, confiável e transparente de dados. Isso significa que, uma vez que o contrato é ativado, as ações acordadas (como transferências de dinheiro, registros ou qualquer outra transação) são realizadas automaticamente sem a necessidade de intermediários, reduzindo custos e aumentando a eficiência.
"Poderão participar do projeto-piloto instituições atuantes no mercado financeiro que necessariamente tenham a capacidade de testar o modelo de negócios proposto, incluindo transações de emissão, de resgate ou de transferência de ativos, bem como de executar a simulação dos fluxos financeiros decorrentes de eventos de negociação, quando aplicável ao caso em teste", informa o Banco Central em nota.
Como e para quem devem ser enviadas as propostas?
O Banco Central estabeleceu que as propostas devem ser enviadas em no máximo cinco páginas. Elas devem detalhar o caso de negócio, "impactos positivos esperados, necessidade de soluções de privacidade, metodologia de testes e possíveis impedimentos legais", segundo o BC.
As propostas devem ser enviadas para piloto.drex@bcb.gov.br e aquelas selecionadas devem ainda cumprir algumas obrigações, tais como formalizar um termo de participação e ainda designar um representante técnico para a coordenação.
"Vale destacar que não há limitação inicial na quantidade de casos de negócio que poderão ser selecionados para teste", informa o Banco Central. A instituição informa ainda que o número final "será determinado diante do conjunto de inscrições recebidas e considerando a capacidade técnica e operacional do BC", diz o banco.
Quem já participa?
São 16 os consórcios ou empresas envolvidas, segundo o BC. Outras propostas de candidaturas de entidades serão recebidas ainda neste ano. Por ora, confira quem já faz parte do piloto do Drex.
- BBC - Banco Brasileiro de Crédito, Banco Ribeirão Preto, Banco Original, Banco ABC Brasil, Banco BS2 e Banco Seguro, ABBC, BBChain, Microsoft e BIP;
- ABC - Banco ABC, Hamsa, LoopiPay e Google;
- B3 - Banco B3, B3 e B3 Digitas;
- BB - Banco do Brasil;
- Bradesco - Bradesco, Nuclea e Setl;
- BTG - Banco BTG;
- BV - Banco BV;
- Caixa - Caixa, Elo e Microsoft;
- Inter - Banco Inter, Microsoft e 7Comm;
- Itaú - Itaú Unibanco;
- MB - MBPay, Cerc, Sinqia, Mastercard e Banco Genial;
- Nubank - NuBank;
- Santander - Santander, Santander Asset Management, F1RST e Toro CTVM;
- SFCoop - Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred;
- TecBan - Basa, TecBan, Pinbank, Dinamo, Cresol, Banco Arbi, Ntokens, Clear Sale, Foxbit, CPqD, AWS e Parfin; e
- XP-Visa - XP e Visa.
O que já está sendo testado e por quem?
No final de setembro o Banco Central confirmou quais são os testes da segunda fase. Eles envolvem, entre outros, cessão de recebíveis (transferência de crédito a terceiro), transações com debêntures (títulos da dívida de médio e longo prazos) e crédito colaterizado (um tipo de empréstimo) em CDB.
Estes 13 temas foram selecionados a partir de 42 propostas enviadas ao Comitê Executivo de Gestão (CEG) do Drex, composto por servidores do BC. Confira abaixo quais são os 13 temas, os consórcios e empresas envolvidos em cada uma, e o que cada um significa.
1. Cessão de recebível
Envolvidos: ABC e Inter.
Resumo: a Tecnologia de Registro Distribuído, derivada do termo em inglês Distributed Ledger Technology , tem como objetivo facilitar a obtenção de crédito por pequenas empresas, que podem vir a usar o dinheiro que vão receber de vendas feitas no cartão de crédito para conseguir empréstimos mais baratos e flexíveis.
2. Crédito colateralizado em CDB
Resumo: é um mecanismo que busca viabilizar o uso de Certificados de Depósito Bancário (CDB) pelas empresas, como garantia para conseguir empréstimos mais baratos para suas necessidades de caixa. É feito em operações de capital de giro.
3. Crédito colateralizado em títulos públicos
Envolvidos: ABBC, ABC e MB.
Resumo: similar ao anterior, tem como objetivo popularizar o uso de títulos públicos como garantia para conseguir empréstimos mais baratos, sem perder os rendimentos desses títulos.
4. Financiamento de operações de comércio internacional (Trade Finance)
Resumo: visa facilitar o financiamento de exportações e importações, usando tecnologia para agilizar e baratear o processo.
5. Otimização do mercado de câmbio
Resumo: objetivo é o de tornar a troca de moedas mais eficiente, transparente e segura, funcionando 24 horas, sete dias por semana, para reduzir custos potenciais da operação.
6. Piscina de liquidez para negociação de títulos públicos
Envolvidos: ABC, Inter e MB.
Resumo: propõe uma forma mais fácil e rápida para as pessoas comprarem e venderem títulos públicos federais, usando tecnologia para automatizar o processo.
7. Transações com Cédula de Crédito Bancário (CCB)
Envolvido: ABBC.
Resumo: embora não especificado na divulgação do BC, a CCB é um título que pode ser emitido por pessoa física ou jurídica e que representa uma promessa de pagamento em favor de instituições financeiras, geralmente bancos, em operações de crédito.
8. Transações com debêntures
Resumo: essas transações facilitam a compra e venda de debêntures (empréstimos a empresas), tornando o processo mais eficiente e menos custoso. A inclusão dele no Drex visa trazer maiores facilidades para a negociação desses ativos e para o acesso de empresas a essas formas de financiamento, diz o BC.
9. Transações com ativos do agronegócio
Envolvidos: TecBan, MB e XP-Visa.
Resumo: embora não detalhada pelo BC, essas transações são feitas para melhorar a forma como se negocia e financia o agronegócio, tornando o processo mais seguro e eficiente.
10. Transações com créditos de descarbonização (CBIO)
Resumo: o objetivo principal é o de melhorar a negociação de créditos de carbono, incentivando investimentos sustentáveis.
11. Transações com automóveis
Envolvidos: B3, BV e Santander.
Resumo: objetivo é o de tornar a compra e venda de carros mais simples e segura, eliminando riscos e burocracias.
12. Transações com imóveis
Envolvidos: BB, Caixa e SFCoop.
Resumo: trata-se de um dos temas com maior apelo junto à população, já que vai facilitar a transferência de propriedades, tornando a compra e venda de imóveis mais acessível e segura.
13. Transações com ativos em redes públicas
Envolvido: MB.
Resumo: explora novas formas de negócios em ambientes digitais, buscando regulamentações que garantam segurança e inovação. Uma das formas mais conhecidas é o blockchain, que garante maior transparência e confiabilidade, já que todos envolvidos devem seguir as regras acordadas