Em um ano, empresários criaram gigante do e-commerce
Em 2010, quando o empresário alemão Malte Horeyseck, 30 anos, chegou ao Brasil, mal falava o português. Mesmo assim, decidiu colocar em prática a sua ideia de abrir uma loja virtual de calçados. Com mais três sócios, Malte Huffmann, Thibaud Lecuyer e Philipp Povel (o único brasileiro), ele alugou um escritório de onde ficaram telefonando para fabricantes nacionais de sapatos, durante dois meses, em busca de parcerias. Em menos de um ano, os empreendedores tinham criado o maior e-commerce de moda da América Latina.
O sucesso foi tamanho que, dias atrás, a Dafiti foi escolhida uma das cinco varejistas online a integrar o Global Fashion Group (GFG), um gigantesco e-commerce criado pelas empresas de investimento AB Kinnevik e Rocket Internet AG, que envolve ainda outras quatro lojas virtuais também consolidadas em mercados emergentes: Jabong (Índia), Lamoda (Rússia), Namshi (Oriente Médio) e Zalora (Ásia e Austrália). Combinadas, as cinco lojas virtuais somam uma valoração de 2,7 bilhões de euros (R$ 8,64 bilhões) para a GFG.
A nova marca, que engloba a varejista brasileira, irá operar nos cinco continentes, atuando em 23 países que, juntos, somam uma população de mais de 2,5 bilhões de pessoas conectadas e comprando via comércio eletrônico. Além de oferecer uma ampla variedade de peças de vestuário e acessórios de marcas internacionais, a empresa pretende desenvolver marcas e produtos personalizados voltados para “mercados étnicos” específicos, principalmente na Índia, Indonésia e Oriente Médio.
“Acredito que essas grandes fusões sejam uma tendência do mercado. Os grandes e-commerces estão fazendo uma concentração para poder ganhar o mercado de uma forma que seja economicamente benéfica”, diz o advogado e empresário ligado ao e-commerce Renato Azevedo. “Para o consumidor, isso pode ser ruim, pois a tendência é que o serviço caia em qualidade (o que nem sempre acontece). Para outros empreendedores, é um grande problema, já que não há como competir de igual para igual. Acho que as oportunidades no e-commerce vão se concentrar nos mercados de nicho, ainda pouco explorados pelos grandes grupos.”
De acordo com Oliver Samwer, co-fundador e CEO da Rocket, “a GFG será focada em capturar as maciças oportunidades de crescimento nas lojas virtuais de moda em mercados emergentes”.
Parceria afinada
Desde o seu lançamento, em 2011 e 2012, as cinco empresas de comércio eletrônico atraíram o financiamento de mais de 1 bilhão de euros (R$ 3,2 bilhões) de uma série de investidores, como a Kinnevik. Praticamente todos os acionistas diretos e indiretos das marcas irão contribuir com suas ações na criação da GFG, que terá sede em Luxemburgo, na Europa.
“A criação da GFG reúne cinco marcas digitais poderosas lideradas por um único grupo de fundadores e gerentes altamente talentosos. Ao operar como uma única entidade, Dafiti, Jabong, Lamoda, Namshi e Zalora serão ainda mais eficazes na expansão de suas posições de liderança em seus respectivos mercados”, completa Lorenzo Grabau, CEO da Kinnevik.
Atualmente, a operação para criação do e-commerce está aguardando a decisão das autoridades fiscais e uma aprovação antitruste. O acordo final deve ser firmado no final deste ano.