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É possível manter teto e ajuste ocorrerá apenas se "necessário", diz líder do governo na Câmara

19 ago 2020 - 20h10
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O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou nesta quarta-feira que é possível manter o rigor fiscal e respeitar o teto de gastos, e acrescentou que eventual ajuste ocorrerá apenas por necessidade para cumprir a execução orçamentária.

Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros
27/03/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros 27/03/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Barros, que já relatou o Orçamento na comissão mista do Congresso responsável pelo tema, lembrou que há propostas na Câmara e no Senado sobre gatilhos fiscais que podem ajudar na manutenção do teto para os anos seguintes a 2021.

"Para 2021 é possível manter o teto de gastos. Há um espaço ainda possível, é preciso saber se é possível nos anos seguintes para então definir um remédio", disse o deputado, que assumiu o cargo de líder nesta semana, em entrevista à Reuters.

"Eu acredito que o rigor fiscal será mantido. E se houver algum ajuste, será um ajuste necessário, absolutamente necessário para que a gente possa concluir a execução orçamentária", completou.

Novo responsável por ocupar o posto que coordena e articula a base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados, Barros ainda mantém conversa com líderes para mensurar o apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Mas, mesmo sem ter conversado com todos os envolvidos, acredita que há clima na Casa para a aprovação de medida a ser apresentada pelo governo que defina uma renda permanente aos mais vulneráveis.

"Eu não tenho dúvidas que aprovaremos isso até o final do ano aqui na Câmara dos Deputados e no Senado Federal", disse à Reuters sobre a proposta do governo, que deve juntar as ações da área social em um auxílio único, mas ainda sem valor definido.

Ainda que reconheça possível efeito do pagamento do auxílio emergencial na popularidade do presidente, principalmente em Estados do Nordeste, Barros lembrou que o benefício é temporário e negou que esse não será o motor de uma campanha à reeleição de Bolsonaro.

"Provavelmente, nos Estados onde (o auxílio) tem mais impacto econômico, ele cause mais efeito... Então não podemos trabalhar nessa lógica, é preciso trabalhar pelo Estado, demonstrar capacidade de gestão, cumprimento de metas do rigor fiscal, capacidade de realização e entrega dos objetivos do governo, e com isso convencer a população de que tem um bom gestor e que deve reelegê-lo", avaliou o deputado.

"O presidente não vai se reeleger à base de auxílio emergencial, não há recurso para isso."

O novo líder do governo também disse acreditar que a reforma tributária será aprovada neste ano, assim como uma pauta que inclui a autonomia do Banco Central, a nova lei do gás, propostas sobre câmbio e falências e as relacionadas à crise do coronavírus, além da propostas de consenso entre as bancadas ambiental e ruralista na Câmara.

Integrante do chamado centrão, o parlamentar avaliou ainda que a relação entre o grupo político e o governo "está evoluindo, e muito bem".

Experiente, o líder preferiu evitar comentários sobre a disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados, lembrando que o Parlamento é independente e não deve sofrer interferências. Admitiu, no entanto, que o governo tem uma "paixão secreta, que não deve ser externada" sobre um nome mais conveniente para tocar a pauta na Casa em 2021 e 2022.

Barros afastou, ainda, que haja ambiente político para a deflagração de um processo de impeachment de Bolsonaro.

"Um pedido de impeachment tem que ter uma fundamentação e alguma motivação. Não há clima belicoso entre Câmara, Senado e presidente Bolsonaro e seu governo. Então não há o que se discutir. Impeachment requer ambiente político deteriorado, não é o caso."

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