"Economist" elogia, mas vê fraqueza na equipe de Dilma
Revista britânica diz que mudança é positiva e está mais alinhada com as propostas de Aécio Neves do que com a campanha da presidente
A revista britânica The Economist afirma na edição desta semana que a nomeação da nova equipe econômica do Brasil é positiva para o País, mas sinaliza a uma "fraqueza" da presidente Dilma Rousseff.
De acordo com a Economist - revista que pisou nos calos do governo ao pedir no ano passado a saída do ministro Guido Mantega -, as escolhas de Joaquim Levy para a Fazenda e Nelson Barbosa para o Planejamento provam que a presidente "aceitou tacitamente" os erros de sua atual política econômica.
A revista ressaltou o fato de Rousseff ter se oposto em 2005 a uma proposta do então Ministro da Fazenda do governo Lula, Antônio Palocci, de usar o rápido crescimento econômico para eliminar o deficit fiscal – e assim diminuir as taxas de juros -, limitando o aumento dos gastos federais.
A publicação também afirmou que a presidente conseguiu se reeleger neste ano exibindo sua política de pleno emprego e aumento de rendimentos.
Porém, essa estratégia teria prejudicado o futuro do País, acredita a Economist, que embasa essa afirmação citando a deterioração de indicadores econômicos – como inflação a 6% (acima da meta do Banco Central de 4,5%), enfraquecimento da moeda e o não cumprimento de sua meta de superávit primário (1,6% do PIB).
Para a publicação britânica, o novo programa de Rousseff é mais parecido com as propostas do senador e candidato derrotado Aécio Neves do que com o exibido na campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores.
Lembrando que o governo enfrenta acusações relacionadas ao escândalo de corrupção na estatal Petrobras, a Economist afirma que nenhum outro presidente brasileiro da era moderna começou um novo mandato tão enfraquecido.
"Chefe da CIA na KGB"
As mudanças ministeriais brasileiras também foram tema para o jornal Financial Times, que destacou a ortodoxia do novo ministro da Fazenda, qualificando-o como um "linha-dura fiscal".
O jornal ressaltou o comprometimento de Levy com a meta de equilibrar as finanças públicas e elevar o superávit fiscal a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) do País em 2016.
O jornal também deu destaque a um comentário de Aécio Neves, para quem a escolha de Levy é como apontar um chefe da CIA para liderar a KGB. Para o Financial Times, o tucano derrotado nas eleições pode não estar errado.