Economistas veem pela 1ª vez estouro da inflação em 2015
Projeção subiu para 6,54% para o ano que vem. A meta é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos
Economistas de instituições financeiras passaram a ver, pela primeira vez, que a inflação estourará o teto da meta oficial em 2015, com piora das projeções tanto para o dólar quanto nos preços administrados, ao mesmo tempo em que passaram a ver crescimento econômico menor tanto neste ano quanto no próximo.
De acordo com pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2015 subiu 0,04 ponto percentual, indo a 6,54%, enquanto que para este ano permaneceu em 6,38%. A meta é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
A inflação tem rondado o teto da meta há meses. O IPCA-15, prévia do indicador oficial de inflação, acelerou a alta a 0,79% em dezembro, e encerrou o ano com alta de 6,46%.
O Focus mostrou também que as perspectivas para o dólar voltaram a piorar. Para 2014, a projeção foi a R$ 2,65, ante R$ 2,60, enquanto para 2015 atingiu R$ 2,75, sobre R$ 2,72. O BC tem argumentado que tanto o câmbio quanto os preços administrados vão continuar pressionando a inflação que, segundo a autoridade monetária, só vai convergir para o centro da meta no final de 2016.
O Focus mostrou que as contas para os preços administrados em 2015 cresceram, com alta de 7,60%, sobre 7,48% na semana anterior.
Em relação à Selic, os especialistas consultados mantiveram a perspectiva de que a taxa básica de juros, atualmente em 11,75%, terminará o próximo ano a 12,50%.
Depois de o BC ter acelerado o ritmo na última reunião, segundo a pesquisa Focus, os especialistas continuavam vendo que o passo será mantido em janeiro - próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC -, com mais uma alta na taxa e 0,5%.
Os economistas consultados na pesquisa do BC reduziram a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 a 0,13%, contra 0,16% no levantamento anterior. Para 2015 o corte foi ainda pior, de 0,14 ponto percentual, com a estimativa de expansão indo a 0,55%.
A economia brasileira iniciou o quarto trimestre em queda depois de ter saído da recessão técnica, apontou o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) do próprio BC ao recuar 0,26% em outubro sobre o mês anterior.
A projeção para a balança comercial em 2014 foi piorada pela segunda vez seguida na pesquisa Focus, para déficit de R$ 1,86 bilhão, contra resultado negativo de R$ 1,60 bilhão na semana anterior.