Edifício Martinelli: como um imigrante endinheirado convenceu paulistas sobre construção do empreendimento
Edifício histórico no centro de São Paulo volta a funcionar neste mês após ser concedido à iniciativa privada
Um dos primeiros arranha-céus de São Paulo e cartão postal do centro da cidade, o edifício Martinelli foi concedido à iniciativa privada e volta a funcionar neste mês de março. O Grupo Tokyo vai administrar os últimos andares e o terraço do prédio, que fica no 26º andar.
Inaugurado em 1929, o edifício histórico completa este ano 100 anos desde o início de sua construção em 1924. O prédio estava fechado para visitação desde 2017. Com a reestruturação, o local vai servir como espaço cultural, gastronômico e de lazer.
Embora seja bastante conhecido dos paulistas, o edifício teve alguns entraves durante sua construção. Para ficar pronto, o projeto contou com um enorme esforço de convencimento de Giuseppe Martinelli, empresário italiano e um dos homens mais ricos de São Paulo na época.
O autor do projeto foi o arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena. A construção do Martinelli previa somente 12 andares, mas, quando chegou ao 24º andar, a prefeitura de São Paulo paralisou as obras por medidas de segurança.
Disposto a construir o prédio a qualquer custo, Martinelli reuniu documentos para provar que a obra era segura e, após análises da prefeitura, o projeto foi liberado para ter 25 andares.
Para demonstrar que acreditava na construção e que o prédio não cairia, Martinelli conseguiu amenizar a desconfiança da população e das autoridades com uma promessa: ele mesmo moraria lá com sua família, em um palacete na cobertura.
Por muitos anos, o Martinelli foi o segundo arranha-céu do Brasil entre 1934 e 1947 e, durante algum tempo, o mais alto da América Latina, ultrapassando o Edifício Joseph Gire, conhecido como 'A Noite', no Rio de Janeiro.