Ele foi de vendedor de comida na praia à franquia milionária
Empreendedor negro superou as piores situações e hoje tem mais de 150 franqueados
Aos 39 anos, o carioca Rafael Soares tem uma trajetória singular, iniciando como vendedor de comida na praia e hoje é dono da Santa Carga, franquia que tem um um faturamento de R$ 5 milhões.
Antes de ser o empreendedor da Santa Carga, que desde que adotou o modelo de franquia em 2021 já tem 340 totens e mais de 150 franqueados, Rafael vendeu bolinho de aipim e sanduíche na praia, quase se tornou atleta profissional, abriu e faliu uma empresa de conserto de celulares e uma lan house, teve uma empresa de paintball e faliu antes mesmo de começar uma loja de açaí em Curaçau, no Caribe. Depois disso tudo, apostou em um bar e, por conta dele, nasceu a Santa Carga.
A ideia da empresa surgiu de uma situação corriqueira: um garçom derrubou água em um iPhone, causado prejuízos. O empresário teve então a ideia de criar um totem para que os clientes do bar em que era dono pudessem carregar o celular de forma segura.
Uma história de luta e de meritocracia
Filho de pai soldador e mãe que produzia e vendia salgados e sanduíches na praia de Copacabana, ainda na adolescência Rafael começou a trabalhar, ora ajudando o pai a vender caldo de cana, ora indo à praia vender os quitutes da mãe.
Embora em meio às dificuldades financeiras, sobretudo no período em que o pai estava desempregado, o jovem de 12 anos logo percebeu que a flexibilidade de horários poderia ser, também, uma forma de estar mais próximo da família. Sem saber, começava naquele momento a determinação em seguir uma carreira solo, ousada e totalmente destemida.
A partir dos 17 anos, tudo mudou. Com o falecimento do pai, Rafael foi convidado a trabalhar como auxiliar de escritório durante três meses na empresa em que o pai atuava como soldador. Conseguiu juntar um dinheirinho e dar entrada na compra do bar que tinha em frente de casa.
Rafael então fechou o bar e abriu ali uma loja de informática. O antigo chefe, sabendo da nova empreitada, ajudou o rapaz investindo no negócio. Em um ano, já eram cinco lojas em Duque de Caxias.
Um tombo que deixou feridas
A loja de informática ia muito bem até 2003, quando a má gestão do negócio o levou à falência. Com as dívidas aumentando e a mãe tendo que socorrê-lo, a solução foi voltar à manutenção de computadores, uma de suas habilidades.
Em 2006, acompanhando o boom das lan houses, criou com o cunhado a Net Combat. Mas, como ele mesmo diz, “erros custam caro, mas é o melhor professor da vida”, Soares logo percebeu que ter um familiar como sócio não daria certo. Vendeu sua parte um ano depois e, com um amigo, investiu num campo de paintball. Mas, tal qual a história com cunhado, optou por não seguir e desfazer a sociedade.
Em 2008, Rafael teve contato com placas de jogos e apostou em uma 5º ideia de negócio. Durante três anos prosperou e conseguiu juntar recursos para abrir outras frentes de negócios.
Em 2011, em uma ida a Curaçao, sentiu falta do açaí, que tão bem combina com praia e calor. Em terras caribenhas, abriu o Açaí Brazil. Mas, fora a dificuldade de importação, culturalmente a fruta não foi bem aceita na ilha e em 2012 Soares amargou mais uma falência.
De volta ao ramo dos bares
Com o restinho de recurso que tinha, comprou uma escola de idiomas e, uns meses depois, um bar que tinha em frente à unidade. Com R$ 25 mil, reformou o espaço e o rebatizou de Dialeto Carioca. E foi ali que a mente criativa do empreendedor borbulhou novamente.
E foi justamente no bar que aconteceu o prejuízo do garçom que derrubou água no iPhone. Rafael então investiu R$ 1,5 mil para formatar um caixote que guardasse os equipamentos e tivesse pontos para carregar os aparelhos. Com toda a experiência que já tinha, percebeu que essa ideia tinha futuro.
Vendeu o bar e investiu na Santa Carga, uma empresa multifuncional que, por meio de um totem, oferece um carregador turbo para recarga de celular, ponto de Wi-Fi e painel digital para anúncios publicitários e notícias locais.
Crescimento orgânico do empreendimento
Grandes empresas e bares passaram a disponibilizar o totem como cortesia ao cliente. Em 2021, o negócio virou franquia. De lá para cá, a Santa Carga prosperou. São atualmente mais de 150 franqueados responsáveis por 340 totens, distribuídos em capitais como São Paulo), Rio de Janeiro e Belo Horizonte.