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Eleição presidencial pode complicar venda da BrasKem

Operação pode ficar em segundo plano se Petrobras desistir de se desfazer de sua fatia no negócio por ordem do novo presidente

7 set 2022 - 10h25
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A eleição presidencial no Brasil coloca um complicador a mais para a venda da Braskem. A operação pode ficar em segundo plano se a Petrobras, uma das acionistas da petroquímica juntamente com a Novonor (antiga Odebrecht), desistir de se desfazer de sua fatia no negócio por ordem do novo presidente da República, afirmam analistas do setor. O processo de venda já foi iniciado e tem pelo menos dois interessados - a gestora americana Apollo e a Unipar - mas está travado em meio a uma queda livre das ações, com redução de mais de 42% no preço dos papéis desde o início do ano.

"Todo mundo sabe que a Petrobras, que sempre quis se desfazer de sua fatia na petroquímica, corre o risco de, em uma mudança presidencial, haver uma nova determinação sobre a venda. Assim, em tese, a venda teria que acontecer ainda neste ano. Se não acontecer em setembro ou outubro, antes das eleições, o processo pode começar do zero novamente e demorar muito mais tempo", diz João Zuneda, sócio-fundador da consultoria Maxiquim.

Venda da Braskem pode ser dificultada pela eleição presidencial no Brasil Foto: Divulgação

A Petrobras detém 36,1% do capital total da Braskem e a Novonor, 38,3%. O processo de venda começou em 2018 quando a Braskem, em uma negociação com a Novonor, quase passou para as mãos da holandesa LyondellBasell, uma das maiores companhias de plásticos, produtos químicos e refino do mundo. Mas não foi a única tentativa de venda. No início deste ano, as duas sócias decidiram negociar as ações na bolsa de valores, mas, sem interessados, a oferta foi suspensa trazendo de volta a ideia de se encontrar um comprador no mercado privado.

Na semana passada, a Braskem voltou a afirmar em comunicado ao mercado que "não conduz as negociações da venda das participações" da Petrobras e da Novonor na companhia. A manifestação foi em resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito de uma reportagem divulgada pela imprensa afirmando que a J&F, holding de investimentos da família Batista, dona da JBS, teria intenção de fazer uma proposta de compra de 100% da Braskem.

As duas companhias também se posicionaram. A Petrobras reafirmou que sua participação na Braskem faz parte da carteira de ativos à venda pela companhia e que não está conduzindo nenhuma estruturação de operação de venda no mercado privado. Disse ainda que não tem conhecimento sobre as negociações mencionadas pela imprensa. E a Novonor reiterou que até o momento não houve evolução material em relação a qualquer alternativa relacionada à alienação de sua participação na Braskem.

Ações em queda

A queda no preço das ações da petroquímica também é um grande problema para a venda. Nenhuma das sócias quer se desfazer do negócio em um momento de baixa. O papel PNA da Braskem, que valia R$ 54,64 no dia 3 de janeiro, fechou na segunda, 5, a R$ 32,43. E a performance dos papéis pode piorar, já que o ciclo petroquímico de alta pode estar com os dias contados com a desaceleração econômica em vários países.

"Se a empresa tivesse sido vendida no ano passado, durante o ciclo de alta do setor petroquímico, teria sido ótimo, mas não aconteceu. Então, esperamos que os dois lados (acionistas e compradores) cedam um pouco para que a operação seja finalizada. O processo tem que ser bom também para os credores da Novonor", afirma um analista que prefere não se identificar.

Entre os credores, o Bradesco já disse que não quer vender para o BTG Pactual. Segundo fontes do mercado, o BTG teria interesse em comprar com desconto os débitos que estão nas mãos do Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Itaú e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A ideia do BTG seria transformar a Braskem numa companhia de controle pulverizado, sem a figura do acionista controlador ou bloco de controle.

A boa notícia, segundo Zuneda, é que a Braskem, independentemente ou não da venda, continua sendo muito bem administrada e segue com bons resultados.

"A Braskem é empresa profissional, dá bons resultados, é líder do mercado no Brasil e em algumas partes dos Estados Unidos. Tem ativos valorizados e continua andando. Os resultados da indústria petroquímica no mundo serão menores este ano, mas continuam bons. A situação envolve questões internacionais de preços de matérias-primas e mercado, é claro. Envolve questão fora da Braskem, do ciclo petroquímico no mundo, mas a empresa está bem", afirma.

Tarifas de importação

Mas a redução da tarifa de importação de uma lista de petroquímicos determinada em agosto pelo governo pode ser um dos entraves para Braskem registrar bons resultados no segundo semestre. No mês passado, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a redução de imposto de importação, via inclusão na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec) de alguns produtos petroquímicos. O governo alegou problemas no abastecimento no mercado brasileiro para tomar a medida.

As atenções do mercado também estão voltadas para o incidente envolvendo a Braskem em Maceió (AL). A Braskem informou que, em 30 de junho de 2022, a provisão para o incidente era de R$ 7,7 bilhões. O problema ocorreu em 2018 quando um abalo sísmico na região deixou rachaduras em imóveis e abriu crateras em ruas da cidade, forçando 55 mil pessoas a deixarem seus imóveis. O abalo foi causado pelo deslocamento do subsolo em razão da extração de sal-gema no local desde 1976. A Braskem encerrou a extração do minério em 2019.

Estadão
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