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Eliezer Batista, ex-presidente da Vale, morre aos 94 anos

Reconhecido por transformar a empresa brasileira na maior mineradora do mundo, empresário também atuou como ministro

18 jun 2018 - 22h16
(atualizado em 19/6/2018 às 07h45)
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O engenheiro civil da Silva, de 94 anos, morreu nesta segunda-feira, 18, no Rio, vítima de insuficiência respiratória aguda. Pai do empresário Eike Batista, Eliezer foi presidente da então Companhia Vale do Rio Doce em dois períodos e ministro em dois governos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo.

Nascido na cidade mineira de Nova Era em 4 de maio de 1924, Eliezer cursou engenharia civil na Universidade Federal do Paraná, onde se formou em 1948. No ano seguinte ingressou na Companhia Vale do Rio Doce, empresa estatal criada havia só sete anos, para trabalhar como engenheiro ferroviário. Exerceu vários cargos na empresa até ser nomeado presidente, em 1961, no último ato de governo do então presidente da República Jânio Quadros (1917-1992) antes de renunciar. Aos 36 anos, tornou-se o primeiro empregado de carreira a ocupar a presidência da empresa.

O empresário e ex-ministro Eliezer Batista, em Brasília, em 2012
O empresário e ex-ministro Eliezer Batista, em Brasília, em 2012
Foto: Dida Sampaio / Estadão

Uma das maiores empreitadas de Eliezer Batista à frente da mineradora foi colocar de pé um plano para fazer o minério de ferro chegar ao Japão. Ele idealizou o porto de Tubarão, no Espírito Santo, capaz de receber navios de até 150 mil toneladas - numa época em que a frota mundial não passava de 60 mil toneladas. Com isso, a Vale dobrou o volume de exportações.

Em 1962, no governo do presidente João Goulart, Eliezer assumiu o Ministério das Minas e Energia, acumulando a presidência da mineradora. Depois do golpe militar, ele chegou a ser acusado de ser comunista e assumiu a presidência da Caemi, uma mineradora privada brasileira criada na década de 1940 para explorar manganês no Amapá. "Era Caemi ou cadeia. Não foi difícil escolher", Eliezer chegou a dizer depois.

A convite do presidente João Figueiredo, último do regime militar, o engenheiro voltou a ocupar a presidência da Vale do Rio Doce em 1979. Seu principal desafio era implantar o Projeto Grande Carajás, no meio da selva amazônica. Para isso, convenceu o Banco Mundial a financiar o projeto, que incluía mina, ferrovia e porto. O Carajás foi orçado em US$ 4,2 bilhões, mas acabou custando menos (US$ 2,8 bilhões) e foi entregue no prazo previsto.

Em 1986 Eliezer deixou a presidência da Vale. Vinte anos depois, em 2016, foi homenageado pela empresa dando nome ao maior projeto da história da mineração mundial: o Complexo S11D Eliezer Batista, primeira mina de ferro construída para operar sem caminhões fora de estrada, o que permite reduzir em 70% o consumo de diesel.

"Eliezer Batista, que um dia recebeu a alcunha de 'Engenheiro do Brasil', bem que poderia ser conhecido por 'o Construtor da Vale'. Sim, temos orgulho de dizer que fomos a sua principal obra", disse, em nota, Fabio Schvartsman, presidente da mineradora.

Mais tarde, Eliezer voltou ao governo duas vezes. Foi secretário de Assuntos Estratégicos de Fernando Collor de Mello e conselheiro de Fernando Henrique Cardoso.

Casou-se com uma alemã nascida em Hamburgo, Jutta Fuhrken, com quem teve sete filhos, entre eles Eike Batista, empresário que chegou a ser considerado o sétimo homem mais rico do mundo. Casou-se pela segunda vez com a dentista, professora e ex-reitora da Universidade Federal de Pelotas (RS) Inguelore Scheunemann.

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