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Empresa sem funcionários criada em agosto arremata 122 blocos de petróleo em leilão da ANP

Com capital social de R$ 50 mil, a Elysian terá de investir R$ 400 milhões em sua centena de concessões nos próximos anos, sendo R$ 80 milhões no curto prazo

13 dez 2023 - 18h02
(atualizado às 18h37)
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RIO - Um personagem inesperado chamou a atenção no leilão de concessão de blocos exploratórios da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizado nesta quarta-feira, 13. A Elysian Brasil Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, do empresário mineiro Ernani Jardim de Miranda Machado, arrematou 122 blocos, quase todos com ofertas de R$ 51 mil, somando cerca de R$ 12 milhões em bônus.

"Eu poderia dizer para vocês que fiz um super cálculo, mas a verdade é que eu vi que o mínimo para se fazer ofertas era R$ 50 mil e coloquei mais R$ 1 mil por lance", explicou Machado a jornalistas na saída da licitação.

Fundada em agosto, a poucos dias do prazo máximo para a inscrição no leilão, e com capital social de R$ 50 mil, a Elysian agora vai ter de investir R$ 400 milhões em sua centena de concessões nos próximos anos, sendo R$ 80 milhões no curto prazo, prevê o empresário. Ele disse que o valor baixo do capital social é natural e, uma vez que a empresa começar a operar com os blocos arrematados, espera internalizar os valores.

Ernani Machado afirma que não buscará financiamento e fará os pagamentos e aportes futuros com recursos próprios e de seus sócios na empresa de tecnologia JMM Tech. "Já temos capital suficiente. Já separamos (o recurso) para fazer o investimento, que iniciaremos em abril", diz.

A maior parte dos blocos arrematados por Machado (99) está localizada na Bacia Potiguar, mas o empresário também levou alguns blocos nas bacias de Sergipe-Alagoas e Espírito Santo. A preferência por Potiguar se deu porque a bacia era a que tinha maior número de blocos à disposição, o que se encaixaria na estratégia elaborada por Machado.

Ele buscou fazer ofertas por muitas áreas — tendo em vista que parte delas não era viável — e oferecendo valores pouco maiores que o exigido em edital.

O empresário não tem expectativa de conseguir condições de operação e óleo de boa qualidade em todos os blocos. "Muitas áreas não têm petróleo. Temos de ter um leque abrangente para fazer estudos preliminares e saber onde é possível encontrar (óleo). Pode ser também que a gente comece a extrair e não seja de boa qualidade", diz.

A Elysian funciona num espaço de coworking em Belo Horizonte e ainda não tem funcionários. Mas contratou sete consultores especializados no setor de petróleo, que se apresentarão para trabalhar em regime de dedicação exclusiva, contou Machado. "Eu não vou falar os nomes (dos consultores) não, senão vão roubar o consultor de mim", afirma. A partir da conquista dos blocos no leilão, a ideia é ampliar e melhorar a estrutura da empresa.

De terno xadrez, gravata amarela e bom humor, o empresário foi até a sala de imprensa para se apresentar aos jornalistas que cobriam o leilão. Na conversa, ele destacou que vai usar "tecnologias diferentes" para fazer uma extração de óleo e gás menos agressiva ao meio ambiente. "Não agressiva é impossível", reconhece.

Ele contou que sua empresa de tecnologia já ganhou "centenas de prêmios em setores que não tem relação com petróleo". "A maioria das tecnologias hoje usadas para extrair petróleo são as mesmas de 80, 100 anos atrás."

A Elysian, disse ele, vai usar equipamentos para verificar o volume e a composição dos gases emitidos na operação. A partir daí, fará o cálculo de quantas árvores deve plantar para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa.

Por fim, o empresário diz que foi atento para evitar áreas com potencial risco ambiental e social — por exemplo, com a presença de quilombolas. "Qualquer coisa desse gênero, nós descartamos automaticamente", promete.

A escolha da Elysian pelo setor de petróleo se deveu à oportunidade. "Temos essa oportunidade e temos de agarrá-la. Estamos fazendo tecnologias para petróleo e gás, percebemos que havia o leilão e que nós tínhamos a condição financeira de fazer isso. Por que não fazer, né?".

O diretor geral da ANP, Rodolfo Saboia, disse que a empresa apresentou as garantia exigidas e atendeu as exigências do edital de licitação. De qualquer forma, disse o executivo, haverá um acompanhamento mais próximo agora nas etapas após leilão, de desenvolvimento do programa de exploração mínimo.

Estadão
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