Empresas apostam em novo conceito de aluguel residencial
Estratégias são baseadas em economia compartilhada para atrair clientes
De olho em um mercado gigante, que vai continuar crescendo mesmo com o impacto da pandemia, várias empresas estão se dedicando a inovar no mercado de locação residencial nos últimos anos. A maior parte delas aposta em um novo comportamento do consumidor e em conceitos da economia compartilhada para prosperar.
"Hoje são 13 milhões de imóveis alugados no Brasil e as projeções indicam que vamos chegar a 20 milhões em 2030", afirma o presidente da Housi, Alexandre Frankel, também presidente do Conselho de Administração da Vitacon. Segundo o executivo, a proposta da Housi pretende revolucionar a forma de morar, fazendo com que o sonho do acesso à casa própria, em vez da compra, vire realidade. "As pesquisas mostram que 82% dos novos entrantes no mercado imobiliário não querem mais comprar o apartamento", afirma Frankel.
A Housi, segundo o executivo, quer consolidar no mercado o conceito de moradia por assinatura, algo que vai fazer com que o cliente possa morar onde quiser pelo tempo que desejar. "Ao tornar a moradia acessível e flexível as pessoas poderão morar perto de onde elas quiserem. A ideia é reinventar completamente a forma de morar", explica Frankel.
A empresa que ele administra oferece apartamentos em áreas centrais da capital onde o aluguel e o pacote de serviços, como internet, contas de streaming e até enxoval podem ser contratados por dia, mês ou por períodos maiores. "O nosso foco também é o de entender o cliente. Com dados, podemos fazer melhores previsões e sermos mais assertivos no produto para que o cliente consiga ter a experiência que ele procura."
Segundo Frankel, hoje um apartamento precisa ter serviços e tecnologia atrelados a ele para ser viável no mercado. "É como vender um telefone sem aplicativos. Imagina um aparelho que tem apenas a função de discagem", diz.
Moradias acessíveis
No caso da Yuca, a estratégia também envolve oferecer aos interessados moradias acessíveis e com uma boa qualidade. Em vez de apartamentos inteiros, o mais comum é a plataforma da empresa oferecer quartos em apartamentos grandes em regiões centrais da cidade, que podem ser habitados no regime de coworking. As áreas comuns, como sala e cozinha são usadas por todos os moradores do imóvel.
"Administramos hoje 220 quartos, mas vamos chegar a 400 até o fim do ano", diz Rafael Steinbruch, cofundador e chefe de real estate da Yuca. "A nossa ideia é oferecer produtos a um custo mais baixo e ocupar os espaços obsoletos do centro da cidade", diz. De acordo com Steinbruch, 50 pessoas por dia se cadastram na plataforma interessadas em alugar um quarto e ter uma experiência de cidade que elas nunca tiveram.
"Nessa demanda, 60% das pessoas afirmam que estão dispostas a pagar entre R$ 1 mil e R$ 2 mil pelo pacote completo", diz o empresário. O que significa, além do aluguel, os custos com IPTU, condomínio, água, luz e alguns serviços, como internet e limpeza esporádica.
Economia compartilhada
Fora de São Paulo, a proposta da Luggo, uma startup da MRV, também aposta em preceitos da economia compartilhada para atrair clientes. A empresa tem empreendimentos em três cidades brasileiras, Campinas, Curitiba e Belo Horizonte, mas deve chegar a um total de dez localidades nos próximos meses. "A economia compartilhada permite uma série de benefícios que o aluguel individual não consegue ofertar", afirma Rodrigo Resende, diretor de Comunicação, Marketing e Novos Negócios da MRV e Luggo. O foco do grupo é construir empreendimentos próximo aos polos geradores de demanda, como áreas industriais e universidades.
Os empreendimentos oferecem ao moradores lavanderias conjuntas e espaços de coworking nas áreas comuns. "O nosso interesse está na estadia longa. É um mercado gigantesco e estamos sempre buscando, por meio de um aluguel diferenciado, oferecer uma experiência diferenciada para os clientes", afirma Resende.
Segundo ele, construir e operar empreendimentos para locação é um dos futuros da moradia. "A integração do apartamento aos serviços e à tecnologia é uma nova forma de pensar o mercado imobiliário", diz o executivo da MRV.