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Empresas familiares: especialistas dão dicas para lidar com gestão de conflitos e plano de sucessão

Os negócios gerenciados por famílias enfrentam desafios extras que podem ser enfrentados com boas práticas de governança; veja quais

18 fev 2022 - 19h31
(atualizado às 19h32)
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As empresas familiares são aquelas que têm uma família no comando e, em alguns casos, elas têm pessoas de diversas gerações atuando nas tomadas de decisão. Por isso, a adoção de boas práticas de governança enfrenta alguns desafios a mais nessas empresas em relação àquelas que não estão sob a gestão de uma família, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

Ao contrário das empresas de capital aberto, que já são obrigadas a cumprir uma série de regras de governança, as empresas familiares de capital fechado, muitas vezes, ainda se encontram no início de sua evolução e precisam passar por uma maior profissionalização para garantir uma gestão mais eficiente.

O primeiro passo para os gestores de uma empresa familiar é compreender que a governança visa garantir à família e aos acionistas (ou aos futuros acionistas) a sobrevivência do negócio ao longo do tempo, como explica Cris Bianchi, vice-coordenadora da Comissão de Empresas Familiares do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e titular da Cris Bianchi Governança.

"A família age pelo bem da empresa, zelando pelos negócios, e há uma diminuição de interferências que atrapalham o andamento das operações. Só com esse alinhamento da família empresária é que se consegue começar a implantar os mecanismos de governança", diz a consultora.

Governança familiar

O modo como as empresas familiares funcionam pode ser explicado pelo modelo dos três círculos, que aponta a existência de três subsistemas, que se sobrepõem: a família, a propriedade e a empresa. Essa particularidade faz com que seja importante haver não somente estruturas de governança corporativa nessas empresas, mas também estruturas de governança familiar.

Algumas estruturas que compõem a governança familiar são:

  • O conselho de família, que tem como responsabilidade trabalhar pela transparência dentro da organização familiar, discutir planos e diretrizes, debater a sucessão e mediar conflitos;
  • A assembleia familiar, que reúne os familiares para decisões;
  • E o family office, que trata, entre outros assuntos, da gestão financeira e do patrimônio do grupo familiar.

"A governança familiar cuida das relações da família entre si e de como a família se alinha em relação ao que será feito na empresa", diz Cris Bianchi. "Ela alinha os valores e propósitos da família, sua cultura e identidade, tornando isso transparente e muito bem coordenado."

Dificuldades

Heloisa Macari, diretora executiva da consultoria ICTS Protiviti, aponta que um dos maiores desafios da governança em empresas familiares é a gestão de conflitos, que deve ter uma política muito bem definida para que quaisquer divergências familiares não acabem afetando a empresa e impactando os negócios.

Segundo ela, um dos fatores que contribuem para evitar os conflitos é a definição do que a família deseja para o negócio. Depois, esses objetivos devem ser levados para as práticas de gestão. "Empresas familiares exigem uma maior clareza em relação a qual é a responsabilidade e o papel de cada um dentro da organização, para que não haja mal entendidos", acrescenta.

A sucessão também é apontada como um desafio, seja por conta de possíveis conflitos em que muitas pessoas da família querem ocupar uma determinada posição, seja por falta de familiares interessados em ocupar essa posição. "Ter um plano de sucessão é essencial. Não quer dizer que as empresas não familiares não precisem, mas nas empresas familiares ele toma uma importância ainda maior", diz Heloísa.

Já para Vincent Baron, diretor administrativo da consultoria Naxentia, o maior desafio ainda está nas empresas familiares que estão no início do processo de profissionalização. Nesses casos, a dificuldade de ter uma gestão estruturada é maior.

"A criação de conselhos e a transformação do processo de tomada de decisão para uma forma mais descentralizada é difícil porque o fundador ou o restante da família muitas vezes querem continuar tendo a última palavra. É preciso criar uma cultura na empresa", diz.

O consultor ainda aponta como esse processo de implantação de boas práticas, mesmo que trabalhoso e longo, é de enorme valor para as empresas. "A governança hoje é um dos temas mais importantes para os investidores, em um eventual IPO (oferta pública inicial de ações), por exemplo. Ela traz mais clareza sobre a tomada de decisões, além de garantir a autonomia do negócio em relação à figura do fundador e também à família", diz ele. "Com governança, a empresa tem continuidade independentemente da presença ou ausência do fundador e da família. Ter governança é reduzir o risco e assegurar a perenidade do negócio."

Estadão
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