Enel deixou de investir R$ 602 milhões em infraestrutura em SP, aponta Ministério Público
Parecer técnico mostrou estruturas fora do padrão espalhadas por regiões vistoriadas e que sistema precisa de melhorias tecnológicas
A Enel Distribuição São Paulo deixou de aportar R$ 602 milhões em investimentos de infraestrutura, previstos em planejamento, mostrou uma vistoria realizada pelo Ministério Público de SP. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.
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A promotoria chegou ao montante a partir de parecer técnico elaborado em abril passado, a partir de dados oficiais e vistorias realizadas nos meses de janeiro, março e abril. Foram analisadas todas as regiões da cidade de São Paulo e em Diadema, na região metropolitana.
Segundo o Ministério Público, a falta de investimento foi apontada a partir da relação entre o total que era projetado para aporte entre os anos de 2020 e 2022 e o que realmente foi investido pela Enel.
Foram anexadas dezenas de imagens de estruturas fora do padrão espalhadas pelas regiões vistoriadas. O documento aponta que o sistema de distribuição de energia elétrica "necessita de inúmeras melhorias tecnológicas e a correção sistemática das não conformidades e inconveniências constatadas".
Por fim, o parecer técnico do MP dá conta de que foram identificadas "irregularidades e inconveniências que implicam em falhas no sistema, distúrbios na energia elétrica distribuída e prejuízos aos consumidores".
340 mil permanecem sem energia após 72 horas
Cerca de 340 mil imóveis continuam sem energia elétrica na Grande São Paulo, segundo comunicado divulgado pela Enel na noite desta segunda-feira, 14. O fornecimento foi interrompido após um temporal com ventos de 107 km/h atingir a região na última sexta-feira, 11.
O número é referente a levantamento feito pela concessionária às 18h30 de hoje. Ainda de acordo com a nota da empresa, mais de 1,7 milhão de clientes tiveram a energia restabelecida.
Mais cedo, a Enel afirmou que pretende cumprir o prazo de três dias, contados a partir desta segunda-feira, 14, dado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para restaurar o fornecimento de energia elétrica
Para restabelecer o serviço, a Enel destacou que reforçou as equipes de campo, deslocou técnicos do Rio de Janeiro e do Ceará e recebeu apoio de técnicos de outras distribuidoras.
Protestos em São Paulo
Diante dos três dias seguidos sem energia elétrica, moradores da Região Metropolitana de São Paulo foram às ruas como forma de manifestação. Na capital paulista, moradores do Jardim Somara e do Campo Limpo fecharam vias em protestos.
Outras três manifestações foram registradas pela Polícia Militar na região. Também com o fechamento de vias, residentes de São Bernardo do Campo, Itapevi e Diadema.
Neste último, “houve tumulto e a polícia precisou intervir com munições de menor potencial ofensivo”, conforme a Secretaria de Segurança Pública informou ao Terra. Um dos envolvidos foi detido.
Ainda de acordo com o órgão, todas as ocorrências foram encerradas e ninguém ficou ferido durante as manifestações.
Auditoria e ressarcimento
Nesta manhã, o ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias, concedeu entrevista coletiva e falou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu a abertura de uma auditoria completa para verificar o processo de fiscalização exercido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e das respostas - ou faltas delas - por parte da Enel.
Além disso, o chefe da Pasta afirmou que o presidente “determinou que a concessionária [Enel] assegure a reparação de todos os prejuízos causados aos consumidores, pessoas físicas, jurídicas e microempresários”.