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Enel deve 60 bilhões de euros, tem cortes de luz no Brasil e cai de valor na Bolsa

Apesar de vender alguns ativos para mitigar a situação, a queda ainda é de 30% nos últimos três anos

27 mar 2024 - 10h24
(atualizado às 10h41)
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Enel deve 60 bilhões de euros e cai de valor na Bolsa
Enel deve 60 bilhões de euros e cai de valor na Bolsa
Foto: Canva Fotos / Divulgação / Perfil Brasil

A Enel, a principal empresa da Bolsa italiana, enfrenta um cenário desafiador devido à sua dívida de 60,2 bilhões de euros. Com um valor de mercado de 61 bilhões de euros (cerca de R$ 329 bilhões de reais na cotação atual), a empresa está sob crescente escrutínio, especialmente após cortes de energia em várias capitais da América Latina, incluindo São Paulo.

A dívida atual da Enel alcançou R$ 324 bilhões, superando seu valor na Bolsa italiana. Isso resultou em uma queda de mais de 50% em suas ações desde 2021. Apesar de vender alguns ativos para mitigar a situação, a queda ainda é de 30% nos últimos três anos.

Embora rebaixada pelas agências de classificação de risco, a Enel registrou um aumento de 12% no lucro principal no ano passado, com um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 22 bilhões de euros (R$ 118,8 bilhões) em 2023.

Operando em 29 países, a Enel auta nos Estados Unidos, Europa, América Latina, África, Rússia, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

No Brasil, distribui energia em parte dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. A América Latina representa 25,5% dos clientes finais da empresa, sendo o Brasil e o Chile seus maiores mercados.

Além disso, a Enel enfrentou uma condenação nos Estados Unidos, sendo obrigada a desmontar uma estrutura de geração de energia eólica após um processo movido pelo povo indígena Osage, que alegou falta de compensação financeira pela instalação das turbinas em suas terras.

Crise na Bolsa e nova gestão

Sob nova gestão, a Enel adotou uma abordagem de contenção, reduzindo seus investimentos em energias renováveis e cortando seu plano de investimentos.

O diretor geral, Flavio Cattaneo, expressou o compromisso da empresa em priorizar a disciplina financeira para impulsionar a geração de caixa. Cattaneo, em comunicado ao mercado no dia 16 de novembro de 2023, disse que seria adotada uma "abordagem mais seletiva em relação aos investimentos, a fim de maximizar a lucratividade e, ao mesmo tempo, minimizar os riscos".

Com Giorgia Meloni assumindo como primeira-ministra no final de 2022, a Enel passou por uma mudança de liderança, com Cattaneo substituindo Francesco Starace como diretor geral.

Uma das primeiras medidas foi reduzir os investimentos em energias renováveis, diminuindo o plano de investimentos de 37 para 35,8 bilhões de euros.

Os investimentos em energias renováveis foram reduzidos de 17 bilhões de euros para 12,1 bilhões de euros, enquanto o grupo espera aumentar os lucros para 23,6 bilhões de euros ou mais até o final de 2026. Para reduzir a dívida, a Enel planeja vender ativos no valor de 21 bilhões de euros, já tendo realizado vendas na Romênia e no Peru.

A empresa havia anunciado a intenção de vender sua concessionária cearense no final de 2022, avaliada em cerca de R$ 3,5 bilhões, mas os controladores da Enel optaram por suspender temporariamente a venda em novembro.

A situação da Enel destaca as complexidades enfrentadas pelas empresas de energia em um ambiente global volátil.

Enquanto lida com desafios financeiros e operacionais, a empresa busca um equilíbrio entre a redução de dívidas e a manutenção de suas operações em um setor crucial para o funcionamento da sociedade moderna.

* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.

 

Perfil Brasil
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