Enel planeja investir US$ 4,95 bi em 3 anos no Brasil; do total, quase a metade é para SP
O valor corresponde a um crescimento de 33,8% ante os US$ 3,7 bi do plano estratégico anterior, com destaque para o aumento de 61% do investimento em distribuição
O grupo italiano Enel planeja investir US$ 4,95 bilhões (R$ 28,7 bilhões ao câmbio do dia) no Brasil entre os anos de 2025 e 2027, anunciou nesta sexta-feira, 22, a Enel Américas, empresa listada chilena responsável pelos ativos latino-americanos da companhia e controladora da Enel Brasil. Desse total, US$ 4,6 bilhões serão destinados às três distribuidoras operadas pela empresa no País, em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Para a operação paulista, que em outubro sofreu pressões das três esferas de governo em razão de um apagão prolongado, o investimento previsto é US$ 2,4 bilhões (48,4% do total do plano).
O valor geral (US$ 4,95 bilhões) corresponde a um crescimento de 33,8% ante os US$ 3,7 bilhões previstos no plano estratégico anterior, com destaque para o aumento de 61% do investimento planejado para o segmento de distribuição.
"É um aumento enorme em relação ao plano anterior", destacou o CEO da Enel Americas, Aurelio Bustilho, sobre as distribuidoras, durante teleconferência com analistas e investidores realizada nesta sexta-feira.
Ele salientou que, além dos US$ 2,4 bilhões destinados à concessionária de distribuição em São Paulo, outros US$ 1,2 bilhão serão aplicados na concessão cearense e US$ 1 bilhão será direcionado à distribuidora no Rio de Janeiro.
Segundo Bustilho, o objetivo da companhia com os investimentos em distribuição é melhorar a qualidade para os clientes e tornar a rede mais resiliente e preparada para enfrentar eventos climáticos que têm sido observados mais frequentemente no Brasil, como também em toda a região.
Anteriormente, a companhia já havia anunciado aumento nos investimentos nas distribuidoras, após as concessionárias — especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro — terem sido alvo de críticas pelas falhas no fornecimento após temporais.
Em São Paulo, após sucessivos apagões, a agência reguladora Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu um processo administrativo que pode culminar com a caducidade do contrato, um desfecho defendido por parte da classe política e da população.
Na visão da Enel, os investimentos anunciados permitirão a redução das perdas de energia e melhoria dos indicadores de frequência e duração das interrupções nas três distribuidoras brasileiras.
Renovação
Em apresentação, a Enel Americas destacou as discussões em andamento sobre a renovação das concessões no Brasil, que têm como foco justamente a melhoria da qualidade do fornecimento e da resiliência.
Questionado por analistas sobre o avanço do processo, Bustilho reiterou que considera corretas as diretrizes colocadas, lembrou que a minuta dos novos contratos está em fase de consulta pública e estimou a conclusão até abril de 2025.
66% do total na Região
O Brasil deve responder por 66% dos investimentos planejados pela Enel Americas para toda a região, incluindo países como Colômbia (23%) e Argentina (10%). No total estão previstos US$ 7,5 bilhões para o período, um montante 35% maior do que os US$ 5,7 bilhões indicados no plano estratégico anterior.
Desse total, 82% (ou US$ 6,1 bilhões) serão destinados ao segmento de distribuição, no qual o Brasil será justamente o principal destino, respondendo por 75% do total.
A companhia salientou que o foco dos investimentos está em países com estrutura regulatória "visível, transparente e construtiva, maximizando a remuneração", e citou que a aceleração dos investimentos tem por objetivo entregar uma modernização mais rápida das redes, com reconhecimento na base de ativos regulatórios.
A previsão da empresa é de que, ao longo dos próximos três anos, o número de consumidores em toda Enel Americas crescerá 5%, para 23,7 milhões, mesmo ritmo de expansão do volume de energia distribuída, para 110,9 terawatts-hora (TWh).
Segundo o plano da companhia, os investimentos previstos proporcionarão um aumento de 39% no Ebitda até 2027, dos US$ 3,9 bilhões estimados para 2024 para US$ 5,4 bilhões no fim do ciclo. O segmento de redes aumentará sua participação em 1 ponto porcentual, para 55%.