Energia e remédios mais caros pesam em prévia da inflação
Nos últimos 12 meses a variação foi de 6,31%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (6,19%)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, subiu 0,58% em maio, ante alta de 0,78% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado do ano a taxa foi para 3,51%, acima de 3,06% no mesmo período de 2013, e nos últimos 12 meses a variação foi de 6,31%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (6,19%).
Segundo o instituto, os itens que mais pesaram na prévia foram as tarifas de energia e os remédios. Com alta média de 3,76%, o preço da energia elétrica teve impacto de 0,10 ponto percentual, enquanto os medicamentos avançaram 2,10% - o segundo maior impacto, de 0,07 ponto percentual.
A meta de inflação do governo federal é de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos. Em abril, o IPCA-15 havia avançado 0,78%, enquanto o IPCA 0,67% e, em 12 meses, 6,28%. Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters, cujas medianas apontavam alta de 0,56% sobre abril e de 6,29% em 12 meses.
Segundo o IBGE, o principal responsável pela desaceleração do indicador em maio foi o grupo Alimentação e Bebidas, cujos preços avançaram 0,88%, ante alta de 1,84% no mês anterior. Ainda assim, esse foi o grupo com maior impacto em maio, de 0,22 ponto percentual.
Também teve destaque Transportes, com deflação de 0,33% em maio após alta de 0,54% em abril. Isso decorreu sobretudo da queda de 21,26% nos preços das tarifas aéreas, que exerceu o principal impacto negativo no IPCA-15, de -0,11 ponto percentual.
A desaceleração dos preços dos alimentos, após a seca que afetou grande parte do Brasil no início do ano, era esperada pelos agentes econômicos e pelo Banco Central, e vinha se desenhando nos preços no atacado. Nas contas do Banco Fator, o índice de difusão do IPCA-15 caiu em maio a 67,4%, contra 72,9% no mês anterior.
Selic
Com o intuito de controlar a inflação, o BC tirou a Selic ao longo de um ano da mínima histórica de 7,25% para os atuais 11%, mas já sinalizou que deve parar com o aperto monetário na próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom). O alívio nos preços dos alimentos dá força aos argumentos do BC, que vem destacando que essa escalada seria temporária e que é preciso aguardar para avaliar os efeitos defasados do aperto monetário.
Entretanto, a perspectiva é de que o IPCA continue subindo e encerre o ano a 6,43%, segundo economistas consultados na pesquisa Focus do BC desta semana, com alta de 4,95% nos preços de administrados.
"A desaceleração (do IPCA-15) já era esperada e tudo corrobora a visão dominante de estabilidade da Selic na semana que vem. Não tem nada que deva alterar isso", disse a economista da CM Capital Markets Camila Abdelmalack. "Mas, com a continuidade da trajetória crescente da inflação, está contratado um novo ciclo (monetário) contracionista para 2015, começando em fevereiro."
Com informações da Reuters.