Energia produzida da atividade vulcânica ganha escala
O calor existente nas camadas subterrâneas da Terra pode ser usado para gerar energia elétrica, especialmente nos locais com atividade vulcânica intensa. Chamada de energia geotérmica, esta modalidade vem ganhando escala em todo o mundo. No início dos anos 2000, a capacidade mundial era de 8.000 MW, mas chegou a 11.224 MW neste ano, alta de 40%.
Na década de 1980, este volume era inferior a 2.000 MW, segundo dados da Associação de Energia Geotérmica (Geothermal Energy Association). Estudos da entidade apontam para um potencial de geração geotérmica mundial de mais de 130.000 MW. O aumento da sua utilização pode ser explicado pelo crescimento econômico nos países emergentes, pelo maior acesso à energia nas regiões rurais ou de baixa renda, e pela diversificação da matriz energética em diversos países, de acordo com a instituição.
A energia geotérmica pode ser aproveitada de duas maneiras. Uma delas é o vapor d'água ou a água quente que afloram sob a forma de um gêiser, espontaneamente. Outra alternativa é a escavação de um poço profundo que alcance rochas em alta temperatura, para a injeção de água que sairá como vapor. Das duas maneiras, o vapor resultante moverá uma turbina para geração termelétrica, segundo o professor Dionízio Paschoareli Júnior, do Departamento de Engenharia Elétrica da UNESP, campus de Ilha Solteira. Ele é coordenador do Projeto Usina Ecoelétrica, voltado aos estudos de fontes alternativas de energia (www.dee.feis.unesp.br/usinaecoeletrica).
Enquanto o Brasil é naturalmente favorável para alguns tipos de geração de energia, como a hidrelétrica, ocorre o contrário com a energia geotérmica. O País está sobre uma superfície muito antiga e sem atividade vulcânica, e por isso seria inviável atingir a profundidade necessária para extrair vapor para uso termoelétrico. Existe apenas um uso restrito sob a forma de água aquecida nos parques termais, como, por exemplo, em Caldas Novas (GO) e Poços de Caldas (MG).
No entanto, esta fonte de energia é amplamente utilizada em países com atividade vulcânica, como Islândia, Nova Zelândia, Itália ou Filipinas. Segundo o relatório da Associação de Energia Geotérmica, os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais, com capacidade instalada de 3.187 MW, quase 30% da capacidade global.
A energia elétrica geotérmica é considerada um processo limpo, pois gera menos poluentes do que a tradicional queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral. Apesar da vantagem sobre a queima de combustíveis fósseis, a energia geotérmica exige cuidados com o tratamento adequado do vapor d'água vindo do interior da Terra, que contém gases e componentes químicos prejudiciais a saúde. "Não deve ocorrer simplesmente seu despejo em rios para que isso não prejudique a biodiversidade local", afirma o professor.
Economídia
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