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Entenda como motéis se tornaram um representante pujante do setor econômico e uma particularidade do Brasil

Estima-se que existam mais de 5 mil motéis no País, recebendo cerca 100 milhões de clientes todo ano e movimentando cerca de R$ 4 bilhões

27 mar 2024 - 09h53
(atualizado às 10h15)
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Com uma finalidade de ser um local reservado para relações sexuais, os motéis brasileiros começaram a aparecer no final da década de 1960.
Com uma finalidade de ser um local reservado para relações sexuais, os motéis brasileiros começaram a aparecer no final da década de 1960.
Foto: Cozumel Motel | Divulgação

Os motéis não são uma invenção dos brasileiros. Embora essas acomodações façam parte da paisagem urbana da maioria das cidades do País, o espaço surgiu nos Estados Unidos em meados dos anos 1920, como uma acomodação de baixo custo e prática para viajantes.

Com uma finalidade de ser um local reservado para relações sexuais, os motéis brasileiros começaram a aparecer no final da década de 1960, no Rio de Janeiro e São Paulo, e logo se espalharam por todo o País. Segundo informações da emissora pública alemã Deutsche Welle, estima-se que existam mais de 5 mil motéis no Brasil, recebendo cerca 100 milhões de clientes todo ano e movimentando cerca de R$ 4 bilhões.

Diferente de outros países, os motéis brasileiros operam com dois aspectos paradoxais: a visibilidade e o ocultamento. As construções são chamativas, atraentes, com fachadas brilhantes e bastante ornamentadas. A decoração interior é carregada e inventiva, as suítes são muitas vezes dotadas de espelhos, hidromassagem e luzes quentes.

Mas, apesar dessas referências explícitas, a discrição é parte essencial do motel. Por ser associado ao sexo extraconjugal, adúltero, ou desviante e proibido, é um espaço que zela pela privacidade e anonimato. Assim, o love hotel à brasileira desenvolveu uma arquitetura ímpar.

Segundo o DW, a ditadura militar acabou financiando indiretamente a construção e a consolidação dos motéis. A partir do interesse em fomentar a indústria do turismo, surge em 1966 a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) e uma série de medidas para facilitar a infraestrutura hoteleira no Brasil, como incentivos fiscais e juros baixos.

Muitos empresários viram nos motéis a oportunidade de surfar nessa onda, e os estabelecimentos proliferaram pelo País. Em 1975, a tentativa de feminicídio da atriz Leila Cravo no Vip's, o mais famoso e luxuoso motel do Rio de Janeiro na época, fez com que o governo militar publicasse uma resolução determinando que esses estabelecimentos deveriam se instalar fora dos centros urbanos. 

Ao migrar para zonas não centrais, os motéis aumentaram mais ainda sua presença. Resilientes, os motéis passaram recentemente por crises como a Aids e a pandemia de covid-19, distintos planos econômicos e transformações de costumes, e seguem se reinventando e multiplicando pelo País. Um fator importante para a propulsão da modalidade foi a progressiva retirada da exigência de certidão de casamento para a hospedagem em hotéis em diferentes partes do País.

Motéis pelo mundo

O Japão é o país com o maior número de acomodações destinadas a receber relações amorosas no mundo. Estima-se que existem cerca de 30 mil love hotels, como são chamados, no país. Operam geralmente nas chamadas ruas do prazer e não nas rodovias, e vêm de uma tradição própria e antiga, ligada às casas de chá. 

A presença desses espaços também é significativa em outros países do leste asiático, como Taiwan, Coreia do Sul e Tailândia. Na Alemanha e em boa parte da Europa, tal modalidade de acomodação por hora associada a encontros de casais é praticamente inexistente.

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Fonte: Redação Terra
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