Script = https://s1.trrsf.com/update-1731945833/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

ENTREVISTA-Setor de cana do Brasil tem 'momento mágico' que favorece M&A, diz consultor

21 out 2020 - 16h27
Compartilhar
Exibir comentários

A despeito da pandemia, a indústria de cana, açúcar e etanol do Brasil vive um "momento mágico" na safra 2020/21, com uma conjuntura de eventos positivos que vão desde as boas condições climáticas para a colheita até o câmbio, que ajudou as exportações do adoçante dispararem mais de 80% na temporada, avaliou o consultor Julio Borges.

Colheita de cana em Jaboticabal. REUTERS/Marcelo Teixeira
Colheita de cana em Jaboticabal. REUTERS/Marcelo Teixeira
Foto: Reuters

Mesmo os preços médios do etanol, que sofreu mais os efeitos da Covid-19, superaram recentemente patamares de 2 reais por litro na usina do centro-sul, e são suficientes para remunerar todos os custos, ainda que o consumo tenha caído este ano, acrescentou Borges, sócio-diretor da JOB Economia e Planejamento.

"Quanto ao açúcar, a situação atual é mágica, graças a uma condição de déficit de oferta global observada na safra mundial 2019/20. Esta condição recuperou os preços do açúcar no mercado internacional e o real bastante desvalorizado completou a situação de sucesso", afirmou ele.

Ele disse à Reuters que as exportações brasileiras de açúcar no acumulado da safra entre abril e setembro cresceram 82%, para quase 18 milhões de toneladas. O país é o maior player global na commodity.

No mercado interno, que responde por uma parte menor das vendas do setor, o preço médio do açúcar em São Paulo, nos primeiros seis meses de safra, alcançou 73 reais a saca de 50 kg, valor que remunera custo do capital próprio e de terceiros. O preço atual oscila em torno de 90 reais/saca com tendência de alta, ressaltou.

Com a forte demanda pelo açúcar brasileiro, aproximadamente 47% da produção de cana está sendo dirigida à fabricação de açúcar em 2020/21, ante 35% na temporada passada, uma "flexibilidade" que é exclusividade do Brasil, lembrou Borges.

Ele disse que, apesar da maior produção de açúcar, não há previsão de excedente que possa gerar pressão de oferta no mercado regional, com a exportação nesta safra remunerando o produtor entre 3% e 10% acima do mercado interno, o que indica cotações firmes nos próximos meses.

De outro lado, disse Borges, o fato de as usinas estarem voltadas para o açúcar fez a oferta de etanol ficar restrita, ajudando na recuperação dos preços no período abril-setembro, após despencarem nos momentos das medidas mais rígidas contra o coronavírus.

Até setembro, o preço médio do etanol na safra na usina estava em 1,63 real por litro, nove centavos abaixo do verificado na temporada passada, quando o consumo e a produção foram recordes. Em outubro, a cotação saltou para mais de 2 reais, ante média de 1,79 real/litro em setembro e aproximadamente 1,30 real, no piso do ano, em abril.

Com uma colheita com rendimento industrial 4,4% maior, beneficiado pelo tempo seco, que também reduz custos, o preço da cana está atualmente em torno de 119 reais/tonelada, patamar não visto há muito tempo, disse o consultor.

M&A

Essa situação traz um cenário favorável para o setor que pode até mesmo resultar em "maior consolidação", com fusões e aquisições (M&As) de empresas ainda em piores condições financeiras, sendo incorporadas pelas mais capitalizadas.

Em passado recente, quando os preços dos combustíveis no Brasil eram controlados por meio da atuação da Petrobras, muitas empresas foram levadas a buscar recuperações judiciais ou elevaram fortemente o endividamento.

Mas o momento é outro, ressaltou Borges, destacando que a conjuntura deverá atrair interesse do capital estrangeiro para investir no negócio de açúcar e etanol no Brasil.

Ele disse ainda ver "maior concentração na produção, na medida que usinas de melhor desempenho incorporem outras empresas concorrentes em situação econômico-financeira frágil".

O consultor não citou qualquer exemplo deste movimento.

Em setembro, uma notícia sobre início de negociação da gigante Raízen, joint venture da Cosan e da Shell, para adquirir a Biosev, braço de açúcar e etanol do grupo Louis Dreyfus, chamou a atenção do mercado.

Tanto Raízen quanto Biosev estão entre as líderes do setor no Brasil, mas a segunda tem uma dívida em moeda estrangeira que impacta negativamente seus resultados. Ao final do último trimestre fiscal da Biosev, o endividamento líquido era de 7,3 bilhões de reais.

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade