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Envolvidos em esquema de fraude das Americanas usavam códigos para sinalizar adulteração, diz jornal

Operação da Polícia Federal foi deflagrada nesta quinta-feira, 27

27 jun 2024 - 21h42
(atualizado às 23h30)
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Fraude contábil nas Americanas foi revelada em janeiro de 2023
Fraude contábil nas Americanas foi revelada em janeiro de 2023
Foto: Pedro Kirilos / Estadão Conteúdo / Estadão

Provas obtidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) no caso da Americanas indicam que os envolvidos usavam códigos para sinalizar as diferentes fases da adulteração de dados que seriam revelados para o mercado, segundo o jornal O Globo. A Operação Disclosure foi deflagrada nesta quinta-feira, 27, para esclarecer a suposta participação de dois ex-diretores da empresa em fraudes contábeis que chegam ao montante de R$ 25,3 bilhões.

De acordo com a publicação, e-mails e mensagens apreendidos pela PF, além de delações revelaram o funcionamento da fraude. Mensagens mostraram os executivos discutindo a inclusão de números falsos no balanço financeiro e criando espécies de códigos para diferenciar dados reais e falsos. 

Um destes era o “Kit de Fechamento”, que era o conjunto de planilhas e cálculos das diferentes versões do balanço. Na sequência, as diferentes versões falsas das demonstrações financeiras eram intituladas de V1, V2, V3 e assim por diante. Por fim, “Cartas B” eram cartas de fornecedores falsificadas para justificar a inclusão de receitas inexistentes no balanço.

Para o MPF, segundo a publicação, o esquema era dividido em duas etapas. Primeiro, o “Kit de Fechamento” era elaborado e distribuído para avaliação e possíveis ajustes após os executivos incluírem as receitas falsas no balanço da empresa.  

Após essa análise, a “versão zero” era gerada, com os dados reais. Assim, os dados falsos eram incluídos para inflar resultado. A partir disso, eram geradas as versões do orçamento chamadas de V1, V2 e assim por diante até a final, que seria apresentada ao mercado.

Na segunda etapa, os envolvidos visavam gerar caixa para disfarçar a dívida da empresa e, assim, impedir que a etapa seguinte de adulteração fosse descoberta. As “Cartas B” entravam nesta fase. 

O processo se dava por meio de verbas de propaganda cooperada (VPC), que são incentivos comerciais geralmente utilizados no setor. No entanto, neste caso, eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.

Operação Disclosure

A Operação Disclosure foi deflagrada nesta quinta-feira pela Polícia Federal. De acordo com as autoridades, o objetivo é esclarecer a suposta participação de ex-executivos da Americanas em fraudes contábeis que chegam a R$ 25,3 bilhões.

Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Além dos pedidos de prisão e 15 mandados de busca e apreensão, a Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores destes ex-diretores que somam mais de meio bilhão de reais. Segundo o Ministério Público Federal, as prisões não foram cumpridas devido aos suspeitos estarem fora do País.

O MPF informou que a operação é fruto de investigação iniciada em janeiro de 2023, após a empresa ter comunicado ao mercado a existência de inúmeras inconsistências contábeis e um rombo patrimonial estimado, inicialmente, em R$ 20 bilhões. Pouco tempo depois, o MPF foi procurado pela atual diretora da empresa, que ajudou nas investigações.

A apuração das autoridades aponta que foram praticadas operações de risco sacado, na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.

Ainda segundo a PF, foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que são incentivos comerciais geralmente utilizados no setor. No entanto, neste caso, eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.

“A investigação revelou ainda fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, também conhecido como insider trading, associação criminosa e lavagem de dinheiro”, afirmou a PF em nota.

Fonte: Redação Terra
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