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Câmbio e comércio no Reino Unido devem ser fortalecidos

6 jul 2016 - 16h37
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Fatores como a retomada de antigas parcerias comerciais podem favorecer a economia dos países do Reino Unido
Fatores como a retomada de antigas parcerias comerciais podem favorecer a economia dos países do Reino Unido
Foto: Agência Brasil

A circulação de mercadorias e o fluxo financeiro serão pontos positivos para o Reino Unido com o Brexit, termo em inglês que significa saída britânica, disse hoje (6) Otto Nogami, professor de Economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) de São Paulo. No dia 24 de junho, o Reino Unido decidiu, por meio de referendo, deixar a União Europeia (UE), após 43 anos integrando o bloco.

Segundo Nogami, que participou hoje de debate promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), na capital paulista, fatores como a retomada de antigas parcerias comerciais anteriores à entrada no bloco podem favorecer a economia dos países do Reino Unido.

"A Grã-Bretanha tinha grandes parceiros comerciais, como Austrália, e teve de abandonar para ingressar na União Europeia. Naquela época, a inflação estourou, o preço da carne aumentou. São pequenos detalhes que o tempo faz com que as pessoas esqueçam. Mas, nesse momento, as pessoas acabam resgatando esse componente histórico", disse o professor.

Antes da entrada no bloco, aponta Nogami, a Grã-Bretanha era a "capitã" do comércio internacional. Além disso, há a questão do mercado de câmbio, sobretudo, o londrino, que é o maior do mundo, inclusive, significativamente maior que o segundo colocado, de Nova Iorque.

Eurodólar

"Muito pouco se fala sobre o fluxo financeiro, mas a origem do mercado de eurodólar está em Londres, que continua sendo o mais importante do mundo. Essa desvalorização atual é decorrência das incertezas, mas é temporária. A tendência, no longo prazo, é que se estabilize", explicou.

Neste contexto, a convocação do plebiscito suscitou os interesses mais conservadores da população da Grã-Bretanha. Para o professor, o continente europeu é um atrativo natural para populações de economias subdesenvolvidas, mas o investimento em infraestrutura nos grandes centros urbanos não consegue atender aos interesses dos europeus, aliado a governos deficitários, com necessidade de aumento na arrecadação.

"Na cabeça dos mais conservadores, eles estão dividindo a sua contribuição com outros que não contribuem. Com isso, o grau de insatisfação começa a aumentar", disse.

José Augusto Fontoura Costa, professor e vice-chefe do Departamento de Direito Internacional e Comparado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), acredita que o Brexit não causará impacto geopolítico significativo, mas as consequências econômicas serão importantes.

A União Europeia não tem previsão para eventuais saídas de países, disse Fontoura. "Uma vez que você entra na comunidade europeia, não poderia sair. Tem agora essa necessidade de gerenciar uma separação, que não tem previsão jurídica", disse.

Para Fontoura, a União Europeia não deixará que o Reino Unido faça uma saída "à la carte", ou seja, escolhendo manter o livre comércio, por exemplo, mas negando outras consequências indesejadas como a imigração.

Agência Brasil Agência Brasil
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