Exportação de algodão do Brasil à China deve crescer com guerra comercial, diz USDA
As exportações de algodão do Brasil à China e outros países asiáticos devem crescer na temporada 2018/19, devido em parte à guerra comercial sino-norte-americana, disse o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em relatório publicado na quinta-feira.
As exportações brasileiras estão estimadas a 6 milhões de fardos, ante 4,2 milhões no ciclo 2017/18, de acordo com o USDA.
A Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) "espera um aumento do interesse pelo algodão brasileiro de compradores na China, assim como fábricas têxteis chinesas em outros países asiáticos, incitado em parte pelas tensões comerciais entre os EUA e a China", disse o USDA no relatório.
O departamento também citou "a melhora contínua na classificação e na qualidade do produto brasileiro", como uma razão secundária para a expectativa de crescimento da demanda chinesa pela fibra do país sul-americano.
Esse relatório foi divulgado um dia após o USDA ter dito que as exportações de algodão norte-americanas à China caiu 50 por cento nos dois primeiros meses de 2018/19, "prejudicadas" pela guerra comercial entre os dois países.
A decisão da China em julho de estabelecer tarifas de importação sobre as commodities agrícolas dos EUA, incluindo o algodão, foi uma retaliação às taxas impostas pela administração do presidente norte-americano, Donald Trump.
No começo desta semana, o mercado de algodão foi rejuvenescido após as duas maiores potências econômicas do mundo terem concordado com um período de trégua comercial de 90 dias para chegarem a um acordo mais permanente.
O otimismo se dissipou na quinta-feira com a prisão de uma executiva sênior de uma companhia de tecnologia chinesa à pedidos dos EUA, aumentando os temores sobre as relações entre os dois países.
Enquanto isso, a área plantada com algodão no Brasil em 2018/19 deve chegar a 1,4 milhão de hectares, uma aumento de 19 por cento ante a temporada anterior. A expansão das lavouras é um resultado da alta dos preços da fibra e da forte demanda de exportação, disse o USDA.
O consumo doméstico brasileiro é previsto em 3,5 milhões de fardos, que representa um aumento marginal de 3 por cento na comparação anual, com base no crescimento do investimento e "uma melhora da atividade econômica que é esperada, com base no sentimento otimista do mercado para a administração do presidente eleito, Jair Bolsonaro", informou o relatório do USDA.