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Expulso de colégio e sem conhecimento de inglês, CEO da Wise Up constrói império na educação digital de línguas

Empresário fundou escola sem saber falar inglês e hoje fatura bilhões investindo em tecnologia e educação online e presencial

17 nov 2023 - 05h00
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Flávio Augusto da Silva, CEO da Wise Up
Flávio Augusto da Silva, CEO da Wise Up
Foto: Divulgação

Mesmo sem saber falar inglês, Flávio Augusto da Silva ousou desafiar as probabilidades e decidiu abrir uma escola do idioma, a WiseUp. A visão empreendedora permitiu que ele superasse barreiras. Com determinação, aliada ao talento como vendedor e percepção das necessidades do mercado, a empresa rapidamente fez sucesso.

Com uma trajetória de vida marcada pela busca de oportunidades e até a expulsão do Colégio Naval aos 16 anos, o empresário, hoje com 51 anos, CEO da Wise Up e da Wiser Educação, não desanimou quando o assunto foi empreender para sobreviver. Ele não guardou mágoas de sua época como estudante e, atualmente, é proprietário de várias edtechs, investindo em educação digital.

Desde 2021, cinco edtechs foram compradas por ele, avaliadas em R$ 350 milhões. Mas foi no início dos anos 2000 que tudo começou, quando Flávio viu a possibilidade de investir em um novo ramo, o de ensino de línguas, ainda que ele mesmo não soubesse falar outro idioma além do português.

Educação

Apesar de investir em educação, nem sempre Flávio foi um aluno brilhante. Na adolescência, ele sonhava em entrar para a carreira militar, entretanto, acabou sendo expulso do Colégio Naval de Angra dos Reis (RJ), e se viu sem direção.

Graças à qualidade do estudo ao qual teve acesso no colégio, conseguiu passar em todos os vestibulares que fez, como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele escolheu o curso de Tecnologia na UFF, mas acabou não concluindo o ensino superior.

Morador da periferia do Rio de Janeiro, ele percebeu uma aptidão para as vendas e para lidar com o público. Logo, ele estava no mercado de trabalho como vendedor, especialidade que rapidamente o levou a ascender na hierarquia da empresa em que trabalhava. Em quatro anos, já era diretor.

"Tudo era novo para mim, e eu fiz a entrevista e acabei sendo contratado. A empresa era de um curso de inglês, e o meu trabalho era na área de vendas desse curso. E aí quando eu comecei a conhecer esse mundo, eu achei sensacional", conta em conversa com o Terra.

Trabalho com vendas

Na época com 20 anos, ele decidiu trancar a faculdade para se tornar vendedor. "Quando eu comecei a vender, eu gostei muito da ideia de eu fazer o meu salário, de eu definir quanto eu vou ganhar, de eu ter liberdade. Eu gostei muito da ideia, aquela coisa questionadora e criativa coube dentro disso. Ali eu me encontrei".

No ano seguinte, como vendedor, ele se casou com Luciana, na época com 17 anos, sua esposa até hoje, e atribui a ela sua dedicação e foco nos negócios. "Quando eu conto a nossa história, eu sempre falo da Luciana, porque era a minha motivação naquele momento".

"Com 22 anos de idade, eu estava ali nessa carreira de vendas ganhando uma média entre fixos e meu ganho variável, cerca de 7 mil dólares por mês. Ou seja, eu já estava ganhando bem mais que meu pai e minha mãe juntos, com 22 anos. Eu tinha progredido, aí finalmente todo mundo pensou: 'Pronto, agora o Flávio parece que encaixou. Agora foi'. Aí eu peço demissão", relata.

Empreendedorismo

Apesar do sucesso corporativo, o espírito inquieto de Flávio Augusto o fez decidir pedir demissão para empreender. Ele viu uma oportunidade no mercado de cursos de inglês e fundou a WiseUp. Sua escolha foi baseada na experiência prévia no setor e na percepção da crescente importância do inglês no Brasil. Com o aumento na procura de cursos, ele resolveu preencher uma lacuna que estava aberta no mercado.

A decisão, para ele, foi natural, e a transição de carreira, suave. "Eu tinha uma consciência de que aquele era o meu momento de assumir um risco maior. Eu tinha apetite. Não foi difícil essa minha transição, e geralmente, ela é muito difícil. Eu acompanhei muitos franqueados deixando seus trabalhos como executivos para abrir uma franquia e eu sei o quanto é difícil. Mas, no meu caso, não foi. Foi quase que uma transição natural por conta de um apetite maior que eu tinha naquela ocasião".

Na época, ainda na década de 1990, ele mesmo não falava inglês, mas em 2005 se viu na obrigação de pôr em prática o próprio produto, e se dedicou à nova língua. A WiseUp prosperou com o passar dos anos, e durante a pandemia da covid-19, a empresa enfrentou desafios, mas conseguiu se adaptar ao cenário online, experimentando um significativo crescimento.

"Me ajudou muito ter aprendido a falar inglês. Depois eu fui para os Estados Unidos, morei lá por mais de 13 anos. Fundei uma empresa nos Estados Unidos, que é o Orlando City, fui sócio da MLS, que é a Major League Soccer, que hoje está em alta depois que o Messi foi para lá. A gente levou o Kaká para lá, também, que era um jogador do porte do Messi na época. Ou seja, depois o inglês acabou sendo muito importante para mim", conta o empresário.

Negócios

Em 2022, a WiseUp diversificou suas ofertas para além dos cursos de inglês, incluindo pós-graduação, cursos de soft skills e preparatórios para concursos médicos. A Wiser Educação, hub de edtechs liderado pelo empresário, aumentou o faturamento, de 2020 a 2022, em 133% (de R$ 215 milhões para R$ 501 milhões) e a base de clientes em 480% (de 130 mil para 753 mil).

Em dezembro de 2019, a Wiser estava prestes a realizar seu IPO (oferta pública em que as ações de uma empresa são vendidas em bolsa de valores pela primeira vez), avaliado em R$ 5 bilhões, e a adquirir um importante concorrente por R$ 400 milhões. Foi quando chegou a pandemia. A paralisação das atividades nas 420 escolas físicas de inglês foi um dos maiores desafios na carreira de Flávio Augusto. Com o fechamento, o faturamento reduziu a praticamente zero. Rapidamente, foi necessário estabelecer uma nova estratégia. Foi quando as aulas online vieram – e ficaram.

"Foi brutal, porque a gente foi obrigado a fechar todas as operações por dois anos. Nenhum negócio sobrevive dois anos fechado. A gente não só sobreviveu, como cresceu muito, porque a gente tinha um componente tecnológico muito grande, já era parte do nosso escopo, da nossa competência de produção de materiais educacionais, produzir coisas para a internet, então, a gente fez uma migração muito rápida. A gente tinha 130 mil alunos antes da pandemia, e em 2022, tínhamos 753 mil alunos".

A Wiser redirecionou todos os seus esforços para aprimorar e comercializar o WiseUp Online, treinando sua equipe para trabalhar de casa e desenvolver novas técnicas de vendas. Foi nesse contexto adverso que a Wiser Educação decidiu mudar radicalmente sua estratégia, com foco voltado para o WiseUp Online, um produto lançado meses antes da pandemia e que se tornou a salvação da empresa. 

Também foi criada a Wiser Sales Platform, um programa que permitiu que qualquer pessoa vendesse de casa os produtos da empresa, estratégia que gerou mais de R$ 300 milhões em novas receitas, e adquiriu outras empresas como Conquer, Aprova Total, EuMilitar, Medcof, Vende-C e Performan-C.

Sucesso

Para Flávio, a chave do empreendedorismo está em uma mudança de comportamento e de mentalidade, especialmente entre os jovens. Na visão dele, atualmente, os jovens são programados, pelo sistema educacional e pelas empresas onde trabalham, a seguir um padrão que os obriga a servir a uma empresa.

"Eu penso que o maior adversário para alguém empreender, para alguém entrar nesse caminho do empreendedorismo, mais do que conhecimento técnico, mais do que capital para investir, o maior adversário para empreender é o modelo mental do senso comum, que treina os jovens para terem um emprego em uma empresa", explica.

Para ele, os jovens não são preparados para romper com este estilo de vida que, muitas vezes, lhes é imposto pela pressão social, pela família ou até através da educação formal. "Eu penso que o maior adversário para alguém empreender é estar dentro dessa linha de montagem. Porque o padrão mental dessa linha de montagem é o oposto do padrão mental necessário para alguém empreender. O padrão mental necessário para empreender começa com alguém pedindo demissão de um emprego de 7 mil dólares para poder abrir o seu negócio", diz, em referência à própria história.

"A minha dica é a pessoa tentar sair desse senso comum, tentar se libertar desses conceitos que, uma vez impregnados na mente da pessoa, vão fazer com que ela tenha medo ou ache uma loucura fazer qualquer coisa fora dessa gaiola, que todo quinto dia útil tem um potinho de alpiste. Fora da gaiola não tem alpiste. A pessoa vai ter que caçar e arrumar o que comer, mas ela tem liberdade de usar as asas dela e voar para onde ela quiser. O empreendedorismo fortaleceu as minhas asas para voar mais longe."

Fonte: Redação Terra
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