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Eztec fica com 47% da Adolpho Lindenberg com capitalização de R$ 130 milhões

Incorporadoras trabalharam em parceria pela primeira vez em 2002, chegando a 18 empreendimentos em conjunto e 3,6 bilhões em vendas desde então

31 jan 2025 - 18h40
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Após um "namoro" de 20 anos marcado por diversos empreendimentos em conjunto, as incorporadoras Eztec e Adolpho Lindenberg decidiram juntar de vez os tijolos. A Eztec está fazendo uma capitalização de R$ 130 milhões na Lindenberg em troca de 47% da companhia. O acordo foi selado em assembleia de acionistas nesta sexta-feira, 31.

O negócio não envolve "dinheiro novo", mas sim uma integralização de cotas da joint venture formada em 2022. As incorporadoras estruturaram uma sociedade para lançar residenciais avaliados em R$ 2 bilhões. Acabaram indo além, chegando a R$ 2,3 bilhões em seis projetos.

O acordo também dava à Eztec o direito de ficar com uma fração da Lindenberg até 2027, o que foi antecipado em comum acordo. Desde a formação da joint venture, a Eztec foi quem aportou os recursos nos projetos, que agora passam a compor o balanço da Lindenberg.

Em troca, a Eztec recebe essa fatia de 47% da antiga parceira, que se torna uma investida. Outros 47% da Lindenberg seguem nas mãos do presidente, Adolpho Lindenberg Filho, e da diretoria; enquanto 6% estão pulverizados no mercado.

Eztec e Lindenberg são duas das empresas mais tradicionais do mercado imobiliário paulistano. Os fundadores — Adolpho Lindenberg e Ernesto Zarzur, já falecidos — se entendiam bem, e o mesmo ocorre com os filhos, que hoje tocam os negócios.

Adolfo Lindenberg Filho e Silvio Zarzur se entendem bem, assim como seus pais se entendiam anteriormente
Adolfo Lindenberg Filho e Silvio Zarzur se entendem bem, assim como seus pais se entendiam anteriormente
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

A Lindenberg nasceu em 1954 e entrou na bolsa em 1977. Ficou famosa por convencer os magnatas a se mudar das mansões para apartamentos de luxo, pouco difundidos décadas atrás. Atualmente, trabalha com imóveis a partir de R$ 3 milhões. Já a Eztec é de 1979 e foi para a Bolsa em 2007. Eclética, faz residenciais e comerciais para todas as rendas na região metropolitana.

O primeiro trabalho da dupla ocorreu em 2002, com a Lindenberg prestando consultoria a um dos primeiros projetos de alto padrão da Eztec. Depois vieram os empreendimentos em sociedade. Foram 18 ao todo, somando 7,2 mil unidades e R$ 3,6 bilhões em vendas.

"Praticamente crescemos juntos. Passamos por momentos excelentes e por momentos difíceis, sempre navegando em harmonia", relata o presidente da Eztec, Silvio Zarzur, em entrevista à Coluna do Broadcast ao lado dos irmãos Flávio, presidente do Conselho, e Marcelo vice-presidente executivo. "Vemos a Lindenberg como a principal grife do País. Eles fazem projetos personalizados, como uma alfaiataria imobiliária", diz Silvio, apontando complementaridade às suas operações.

Para a Lindenberg, o acordo será fundamental para baixar a alavancagem, que bateu em 4,2 vezes (dívida em relação ao patrimônio). Depois da capitalização, o patrimônio líquido passará de R$ 30 milhões para R$ 170 milhões, e a alavancagem cairá para perto de zero. Essa melhora na estrutura de capital reduzirá o risco da companhia e lhe dará acesso a crédito mais barato.

"O acordo torna a empresa mais forte para enfrentar os desafios do mercado. E tem um ganho de inteligência e conhecimento. Serão duas cabeças pensando", afirma Adolpho Filho, na mesma entrevista com os Zarzur.

O conselho da Lindenberg passará a ser composto por sete membros, sendo três independentes e dois de cada empresa, com a presidência alternada entre as partes. A diretoria seguirá a mesma. As empresas vão atuar de modo independente, cada uma no seu ramo. A Lindenberg, no luxo; e a Eztec, no econômico, médio e médio-alto e alto padrão.

Juntas, as incorporadoras pretendem lançar três residenciais de luxo em São Paulo neste ano, com valor geral de vendas de R$ 1,2 bilhão. A estimativa não é uma meta formal e sua confirmação depende das condições de mercado. "Esperamos um crescimento bem grande desse pipeline ao longo do tempo", diz Silvio. Além de São Paulo, também consideram lançamentos na região metropolitana e no interior paulista.

Próximas aquisições

A família Zarzur acrescenta que as aquisições não vão parar por aqui. A Eztec pretende comprar participação em outras incorporadoras atuantes em ramos complementares e com experiência e afinidade em empreendimentos conjuntos. A Cyrela, por exemplo, é conhecida por atuar dessa maneira, sendo sócia da Cury e da Plano & Plano - especialistas no Minha Casa Minha Vida (MCMV) — e na Lavvi — alto luxo.

"É, sim, parte da estratégia da Eztec seguir nesse caminho que outras empresas trilharam. Vamos fazer isso de forma responsável, com calma, desenvolvendo negócios junto com a companhia", antecipa. "É um caminho longo, mas está na nossa cabeça fazer esse tipo de movimento".

Um segmento promissor dentro dessa estratégia é o mercado de habitação popular, dado que a Eztec já vem firmando parcerias para se aprofundar no MCMV. "Desenvolver parceiros em segmentos onde não estamos tão focados é importante, pois não conseguimos olhar tudo com o 'olhar de dono'. Nas parcerias, temos uma empresa com um sócio fazendo esse papel", afirma Flávio. "Nesse caminho, devemos encontrar algum parceiro".

Estadão
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