Fatura do cartão: é mais barato pagar o mínimo, o valor parcial ou parcelar?
Juros rotativos do cartão de crédito têm as maiores taxas do mercado e são um dos grandes responsáveis pelo superendividamento no Brasil
O cartão de crédito pode ser um aliado nas suas finanças pessoais ou virar seu pior inimigo. Os juros rotativos do cartão de crédito, por exemplo, têm as maiores taxas do mercado e são um dos grandes responsáveis pelo superendividamento no Brasil. Embora o Banco Central (BC) tenha estabelecido o limitando dos juros a no máximo 100% por ano, compras realizadas no ano passado e não pagas podem chegar a juros de 400%, 500% ou quase 1000% ao ano.
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Diante desse cenário nada agradável, muitos consumidores podem se perguntar o que seria melhor em situações de aperto e dificuldade para quitar a fatura: pagar o mínimo da fatura do cartão, pagar parcialmente ou parcelar o valor?
"Geralmente, o pior jeito de se livrar da fatura é pagar só o valor mínimo. Os juros do crédito rotativo são altíssimos. O mesmo vale para o pagamento de qualquer valor que não seja 100% da fatura. Então, parcelar a fatura, embora não seja ideal, tende a ser uma alternativa menos cara", destaca Raul Sena, em entrevista ao Terra.
"Mas é bom lembrar que cada emissor de cartão tem suas próprias taxas e o certo é sempre comparar cada alternativa e fazer as contas, na ponta do lápis", acrescenta o educador financeiro.
Paula Sauer, professora de economia e coordenadora do Laboratório de Inteligência Financeira da ESPM, também indica o parcelamento da fatura. Para evitar o rotativo, ela sugere que o consumidor pegue um empréstimo com juros menores.
"Parcelar com o empréstimo pessoal, com garantia, com consignado, sempre vai ser mais barato do que o rotativo do cartão", recomenda.
O crédito rotativo funciona como um empréstimo pré-aprovado que tem como objetivo evitar que a fatura do cartão de crédito não seja paga. Ele é oferecido quando o consumidor não paga o valor total da fatura até o vencimento. É um empréstimo automático que vai parcelar esse restante da fatura, acrescido de juros, e somado ao valor que já estava previsto para aquela parcela.
"Desde janeiro deste ano, uma resolução do Banco Central limitou os juros do rotativo de 100% ao ano. Ou seja, se você não pagar a sua fatura agora, no final de um ano, no máximo, o que você deve ao banco dobrou. O rotativo do cartão é um empréstimo para alguém que tem um risco alto de inadimplência, por isso a taxa de juros é tão alta", explica Paula Sauer.
O que acontece se eu atrasar a fatura?
O cartão é uma das modalidades com juros mais altos do mercado e, se você atrasar o pagamento, algumas coisas ruins podem acontecer. O educador financeiro Raul Sena lista algumas delas:
- Juros e multas: você vai pagar juros pelo atraso, além de uma multa de 2% ao mês, conforme o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Esses juros são bem altos e a multa costuma ser um percentual do valor da fatura, que varia de acordo com a administradora do cartão;
- Crédito rotativo: se não pagar o valor total até a data de vencimento, a dívida entra no crédito rotativo;
- Nome sujo: se ficar inadimplente, você vai acabar com o nome sujo. As administradoras de cartão vão incluir seu nome nos serviços de proteção ao crédito, como SPC e Serasa. Isso vai reduzir seu score de crédito e te impedir de conseguir empréstimos e financiamentos no futuro;
- Redução do limite: o banco pode reduzir o seu limite de crédito e se negar a te fornecer um cartão mais vantajoso no curto espaço de tempo.
Por causa das consequências da inadimplência, Sena recomenda que a pessoa tenha bom controle financeiro e mantenha suas contas em dia.
"Para quem já está com problemas, lembre-se que o diálogo é muito importante. Entre em contato com a administradora do cartão e se mostre disposto a negociar. Uma dica, aqui, é não aceitar a primeira proposta deles. Negocie uma, duas, três veze Quase sempre a melhor condição não vai ser oferecida logo de cara. E claro que o melhor mesmo é sempre pagar a fatura total", acrescenta.