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Fazenda eleva projeção de crescimento da economia este ano para 3,3%

Secretaria de Política Econômica também elevou a estimativa para a inflação deste ano para 4,4%, 0,1 ponto porcentual abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central

18 nov 2024 - 08h53
(atualizado às 12h03)
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BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda revisou novamente a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024. De acordo com o Boletim Macrofiscal divulgado nesta segunda-feira, 18, pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para a expansão da atividade este ano passou de 3,2% para 3,3%. O ajuste foi feito levando em conta "mudanças marginais", com destaque para o ligeiro aumento na expectativa de expansão do PIB no terceiro trimestre.

A Fazenda também elevou a previsão para a inflação deste ano. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos, a estimativa para 2024 passou de 4,25% para 4,4% - a apenas 0,1 ponto porcentual do teto do intervalo de tolerância da meta estipulada para 2024, que é de 3%, com variação de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Já para 2025, a projeção de IPCA passou de 3,4% para 3,6%.

Sede do Ministério da Fazenda, em Brasília
Sede do Ministério da Fazenda, em Brasília
Foto: Andre Dusek/Estadão / Estadão

Segundo a subsecretária de Política Macroeconômica do Ministério da Fazenda, Raquel Nadal, essa projeção de crescimento do PIB tem "claro viés de alta", considerando informações que ficaram disponíveis apenas após o órgão fechar a nova grade de parâmetros. "O vigor da absorção doméstica segue surpreendendo positivamente no segundo semestre, mesmo com menores estímulos fiscais e monetários", afirmou.

Para 2025, a projeção de crescimento foi mantida em 2,5%. A Fazenda argumentou que, apesar do aumento esperado para a taxa básica de juros nos próximos meses, as expectativas para a safra de grãos e para a produção extrativa no próximo ano melhoraram significativamente, compensando o efeito negativo da política monetária mais contracionista sobre a atividade. O último boletim macrofiscal havia sido divulgado em setembro.

Para este ano, a queda esperada para o PIB agropecuário em 2024 passou de 1,9% para 1,7%, já incorporando revisões nas expectativas para as colheitas de laranja, café, trigo, algodão e cana-de-açúcar, além dos dados preliminares de abate do terceiro trimestre. No caso da indústria, a expectativa de crescimento em 2024 se manteve em 3,5%, segundo a Fazenda, guiada pelo bom desempenho projetado para a transformação e construção. Já a projeção para a expansão dos serviços subiu ligeiramente, passando de 3,3% para 3,4%.

Para o terceiro trimestre de 2024, a projeção de crescimento subiu de 0,6% para 0,7%, ainda implicando em desaceleração moderada do ritmo de atividade na margem. De acordo com a SPE, a mudança na projeção reflete pequenas revisões nas estimativas de crescimento para o setor agropecuário e de serviços. Na margem, a perspectiva é de desaceleração no ritmo de crescimento, "principalmente em função da forte expansão observada no segundo trimestre". Na comparação interanual, no entanto, projeta-se aceleração do crescimento, de 3,3% no segundo trimestre para 3,9% no terceiro.

Para os anos seguintes, 2025, 2026 e 2027, a Fazenda manteve as projeções de crescimento, respectivamente em 2,5%, 2,6% e 2,6%, com exceção de um ajuste marginal para 2028, cuja expectativa de alta do PIB foi de 2,5% para 2,6%. "Até 2028, o crescimento deverá seguir próximo a 2,5%. A estimativa é conservadora, podendo surpreender a depender dos ganhos de produtividade e de eficiência alocativa que emergirem do Plano de Transformação Ecológica e da reforma tributária. O aumento na produção e exportação de petróleo e de energias renováveis também podem contribuir para elevar o potencial de crescimento do Brasil ao longo dos próximos anos", afirmou a pasta.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 18, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram uma alta de 3,10% para o PIB de 2024. Para 2025, a estimativa no Focus é de alta de 1,94%. As projeções de mercado para 2026 e 2027 estão em 2%, para os dois anos.

Inflação

No caso da inflação, a SPE ponderou que houve um avanço entre agosto e outubro, com maior contribuição de preços livres, que registraram aumento da inflação de alimentação no domicílio e desaceleração nos preços de serviços. O período também registrou avanço nos preços monitorados, com aumento das tarifas de energia.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que as sucessivas reprojeções do IPCA pelo mercado refletem em grande medida os choques climáticos, com aumento do custo de energia e alimentos, além de um impacto que já pode ser observado a partir da depreciação cambial. "Já começa a aparecer em algumas métricas", disse.

"Até o final do ano, deverá haver desaceleração nos preços de monitorados, mas aceleração dos preços livres. Itens com preços mais voláteis, mais afetados pela dinâmica do câmbio e do clima, explicam o aumento na projeção de inflação em 2024. Nesse sentido, vale reforçar que para a média das cinco principais métricas de núcleo, a previsão de inflação se manteve em 4,00%", explicou a secretaria.

A expectativa é de que, a partir deste mês de novembro, a inflação acumulada em 12 meses volte a cair. Esse cenário incorpora a bandeira verde para as tarifas de energia, ainda que novos eventos climáticos possam provocar impacto. Também pesam como fatores de alta a aceleração dos preços de carnes bovinas. No entanto, há uma perspectiva positiva para a safra de 2025 e aumenta a probabilidade de um La Niña de baixa intensidade e duração.

No último relatório Focus, divulgado hoje, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram IPCA de 4,64% em 2024, acima do teto da meta, e de 4,12% no ano que vem.

Estadão
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