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Fed prevê mais 2 cortes de 0,25 no juro nos EUA este ano; dólar sobe

Jerome Powell ressalta a importância da leitura do nível de emprego americano em outubro, que será divulgado na primeira semana de novembro, para confirmar a continuidade da queda

30 set 2024 - 16h27
(atualizado às 18h33)
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O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, espera cortar juros em 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) nas duas próximas reuniões de política monetária, afirmou nesta segunda-feira, 30, o presidente da instituição, Jerome Powell. Após as declarações, que diminuíram a expectativa de um alívio ainda mais incisivo, o dólar se apreciou contra os principais pares (leia mais abaixo).

Segundo Powell, este é o cenário base caso os próximos indicadores venham dentro do esperado. "Se a economia evoluir como o esperado, vamos mover a política monetária para uma postura mais neutra", afirmou.

Em discurso e painel de perguntas e respostas na Conferência da Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe), Powell ressaltou que a instituição não tem a urgência para flexibilizar a política monetária, visto que o mercado de trabalho segue bem aquecido, muito embora venha desacelerando. Ele defende que, no nível em que se encontra o setor de empregos agora, já é possível trazer a inflação à meta de 2% ao ano, sem desacelerar ainda mais a criação de vagas.

"Os indicadores mostram que o mercado de trabalho continua sólido. Nós vamos tomar decisões para garantir que o nível de emprego permaneça exatamente onde está", disse.

No dia 18 de setembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), colegiado do Fed responsável pela política monetária, cortou a taxa dos Fed Funds em 50 pontos-base (0,50 ponto porcentual), para a faixa entre 4,75% a 5,00% ao ano. A decisão, por 11 votos a 1, configurou a primeira queda no juro americano desde 2020, ano em que se iniciou a pandemia de covid.

Os próximos indicadores sobre emprego nos Estados Unidos definirão a decisão do Fed sobre os juros em novembro, disse Powell. Segundo ele, ainda há riscos para a inflação e para o emprego em níveis "quase equilibrados", e a instituição agirá para preservar os empregos enquanto a desinflação continuar em curso.

O presidente do Fed reforçou a importância da leitura do payroll (folha de pagamento) americano em outubro, que será divulgado na primeira semana de novembro, pouco antes do encontro do Fomc, agendado para 7 de novembro. Ele ressaltou que, embora o Fed deva estar em período de silêncio, será impossível tomar a decisão de juros antes de conhecer o indicador, que ditará o nível de flexibilização ideal.

Powell afirmou que os mais recentes indicadores salientam que a inflação está caminhando para a meta, em uma desaceleração favorável à flexibilização. Mesmo assim, ele alerta que para a flexibilização continuar conforme o esperado é preciso sinais contínuos de desinflação. Neste cenário, o BC americano continuará agindo para proteger o mercado de trabalho, que segue forte apesar da tendência de esfriamento recente.

O impacto no câmbio

Em relação ao real, o dólar fechou o pregão desta segunda-feira, 30, a R$ 5,4474, alta de 0,21%

O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de pares fortes, fechou em alta de 0,40%, a 100,779 pontos. No mês, o DXY cedeu 0,90% e, no trimestre, computou perda aproximada de 4,82% diante da reação ao início do corte da taxa de juros nos EUA. O dólar se valorizava a 143,77 ienes às 16h50 (de Brasília). O euro cedia para US$ 1,1137, enquanto a libra era cotada em leve baixa, a US$ 1,3378.

O dólar se recuperou frente ao iene, após enfrentar forte pressão vendedora na sexta-feira. Ishiba, que deve ser confirmado premiê do Japão, disse que "precisamos manter a tendência flexível". "Não deveríamos estar a falar de taxas de juro quando ainda não podemos dizer com certeza que superamos a deflação", afirmou.

A moeda americana se manteve firme ante o yuan, após banco central chinês (PBoC) anunciar novos incentivos para o setor imobiliário, ampliando um agressivo pacote de estímulos que começou a ser revelado há uma semana e também inclui cortes de juros e de compulsórios bancários. O dólar subia a 7,0176 yuans.

O euro cedeu frente ao dólar. A moeda foi pressionada ainda por fala da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que disse que os dirigentes do BC do bloco não vão esperar que inflação retorne à meta de 2% para seguir com novos cortes das taxas de juros. Já a libra rondava a estabilidade.

Estadão
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