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Fiat vê menos problemas com chips em 2022 e antecipa volta de funcionários em lay-off à fábrica

Presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa acredita que a escassez de semicondutores vai diminuir, mas grupo trabalha com padronização do componente em seus carros para se proteger de flutuações de oferta

10 dez 2021 - 13h43
(atualizado às 15h21)
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Mais otimista do que alguns de seus pares na indústria automobilística, o presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, avalia que, embora continuem, os problemas de escassez de semicondutores devem diminuir em 2022, sinais que ele já vê neste fim de ano.

Com essa sinalização, a Fiat antecipou para esta semana o retorno de cerca de 900 dos 1,8 mil funcionários que estavam em lay-off (contratos suspensos) desde outubro na fábrica de Betim (MG) - a previsão inicial de retorno era janeiro. Os demais devem voltar ao longo dos próximos meses.

O presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa; ano 'recompensador' para o grupo, apesar das paradas nas linhas de montagem.
O presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa; ano 'recompensador' para o grupo, apesar das paradas nas linhas de montagem.
Foto: Fiat Chrysler/Divulgação / Estadão

"Estamos enxergando uma gradual melhora (no abastecimento de chips) e, como a demanda por nossos produtos está robusta, trouxemos de volta esse pessoal pois precisamos de produção", diz o executivo, para quem este ano foi "recompensador" para o grupo, apesar das diversas vezes em que a produção precisou ser reduzida, especialmente na unidade mineira. Para 2022, ele prevê uma alta de 10% no mercado total de automóveis e comerciais leves.

Entre os avanços do grupo, que além da Fiat é dono da Jeep, da Peugeot e da Citroën, Filosa cita o trabalho que a Stellantis está desenvolvendo para padronizar os microchips usados em peças e sistemas dos automóveis de suas marcas para se proteger de flutuações de oferta desses itens.

Os eventuais efeitos do processo em curso globalmente para veículos fabricados no Brasil e na Argentina devem ser anunciados nas próximas semanas. Segundo Filosa, atualmente cada modelo utiliza diferentes tipos de semicondutores. A ideia é desenvolver componentes que usem microchips iguais em vários veículos, como por exemplo o compacto Mobi, o hatch Argo e o sedã Cronos.

"A estandardização vai gerar mais previsibilidade para nossos fornecedores e vai tornar nossas encomendas mais competitivas", diz Filosa. Em parceria com a Foxconn, a Stellantis pretende criar uma família de chips que devem atender mais de 80% das necessidades de microcontroladores da empresa, ajudando a simplificar a cadeia de abastecimento.

Outro anúncio global feito pelo grupo na terça-feira, e que também envolverá futuramente as operações na América do Sul, é um investimento € 30 bilhões até 2025 para desenvolver softwares que permitirão à empresa vender entretenimento, navegação e outros serviços para seus clientes. Também poderá promover atualizações remotas dos sistemas para que o carro fique sempre atualizado, independente da idade, serviço hoje já oferecido pela Tesla.

Híbridos feitos no Brasil

Filosa também defende o uso do etanol no processo de eletrificação de veículos no País, em modelos híbridos, não só pela disponibilidade do combustível, mas também pelo custo do veículo.

"O carro a etanol com alguma eletrificação é muito bom em relação às emissões de CO2 e cabe no bolso do consumidor; o elétrico puro cabe no bolso de poucos", afirma, acrescentando que os brasileiros não têm o mesmo poder de compra que europeus médios e americanos, por exemplo.

Para ele, vai levar entre oito e dez anos para que a economia de escala global consiga fazer com que o preço do carro elétrico seja mais competitivo. "Até lá temos a combinação perfeita entre etanol e eletrificação, com infraestrutura abundante de distribuição de etanol e menos agressão ao meio ambiente."

O executivo também disse que a Stellantis está acelerando planos de produção no Brasil de modelos híbridos para esse período de transição. "A localização é sempre importante."

Strada é a 1ª picape a liderar vendas

Criado em janeiro, o grupo Stellantis conseguiu colocar a marca Fiat de volta ao topo do mercado brasileiro, posto que havia perdido há cinco anos. A Strada também encerra 2021 como o carro mais vendido no País, fato inédito para uma picape, que hoje ganhou versão com câmbio automático - o último lançamento do grupo neste ano.

É a primeira picape no País com câmbio automático em sua categoria, de pequeno porte. O preço parte de RS 112 mil na versão Volcano, R$ 8 mil a mais que o mesmo modelo com câmbio manual.

Fiat Strada é a primeira picape a liderar mercado brasileiro de carros
Fiat Strada é a primeira picape a liderar mercado brasileiro de carros
Foto: Fiat/Divulgação / Estadão

Além disso, a companhia tem seis modelos entre os 'top 10' do mercado. Juntos, os modelos Fiat Strada, Argo (2.º no ranking), Toro (5.º) e Mobi (7.º) e os Jeep Renegade (4.º) e Compass (6.º) ) somam vendas de 442,9 mil unidades, ou 25% do total de automóveis e comerciais leves comercializados até novembro.

A Fiat detém 22% das vendas de automóveis e comerciais leves e também é líder nos demais países da região. Para o próximo ano já foram anunciados os lançamentos de mais um SUV da Fiat - o primeiro deles, o Pulse, começou a ser vendido em outubro - e o novo Citroën C3. Outras novidades estão previstas em comerciais leves e novas tecnologias para modelos da Peugeot e da Citroën.

Já Uno, Grand Siena e Doblò deixam de ser produzidos no fim do mês. Em parte porque a Fiat atualizou sua gama de produtos e esses modelos são feitos em plataforma antiga, e em parte porque eles não atendem as novas regulamentações do Proconve de redução de emissões.

Estadão
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