Filosa deixa comando da Stellantis na América do Sul e será substituído por Emanuele Cappellano
À frente do grupo dono de marcas como Fiat e Peugeot há cinco anos, o executivo vai assumir a presidência mundial da Jeep, com sede nos EUA; substituto também é italiano
A Stellantis, dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, anunciou nesta quinta-feira, 28, que o italiano Antonio Filosa, presidente do grupo no Brasil e na América do Sul há cinco anos, deixará o comando do grupo em 1º de novembro para assumir globalmente as operações da Jeep nos Estados Unidos. Seu substituto será o também italiano Emanuele Cappellano.
A mudança ocorre num momento crítico para a Stellantis, que tenta prorrogar incentivos fiscais para sua fábrica em Goiana (PE), a mais moderna do grupo no País. A empresa depende da inclusão, pelo Senado, de um novo artigo no texto da Reforma Tributária e enfrenta oposição de todas as demais montadoras com fábricas no Sul e Sudeste, como General Motors, Toyota e Volkswagen.
Cappellano já foi diretor financeiro do grupo na região entre 2017 e 2021, de onde saiu para presidir o grupo de marcas de óculos Marcolin na América do Norte. Já Filosa foi escalado para substituir Christian Meunier que, segundo a companhia, vai se dedicar a projetos pessoais.
Em sua passagem pela região, Filosa coordenou vários projetos envolvidos no plano de investimento do grupo, de R$ 16 bilhões entre 2018 e 2025, e já estava negociando o próximo ciclo que, segundo ele, "será maior que a soma de todos os concorrentes".
À frente da discussão com governos federal, estadual e municipais, e com parlamentares para renovar benefícios fiscais concedido por um programa de incentivo a empresas do Norte, Nordeste e Centro Oeste - criado em 1990 -, Filosa defende que estudos indicam uma diferença de 22% no custo de produção no Nordeste, resultante da carência de investimentos em infraestrutura logística e de vários outros fatores.
O incentivo está em vigor desde 2015 para a fábrica da Jeep, onde são produzidos utilitários-esportivos (SUVs) e picapes, e que deveria se encerrar em 2025. As negociações visam estender o incentivo, principalmente relacionado ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por mais sete anos.
As demais montadoras avaliam os benefícios como concorrência desleal, pois foram concedidos para a atração de novas fábricas que, na visão deles, já estão estabelecidas. Também são beneficiados pelo programa os grupos Caoa/Chery e HPE/Mitsubishi, ambas com plantas em Goiás.