O que o brasileiro pretende fazer com suas criptomoedas?
O que de fato o brasileiro pensa sobre as criptomoedas? E o que deseja fazer com elas?
Elas chegaram. As criptomoedas, que por muito tempo eram cercadas de desconfiança, tornaram-se a principal tendência do mercado financeiro nos últimos tempos – e com grande potencial de consolidação nos próximos anos. Para além de toda a valorização monetária, diferentes setores e serviços começam a desenvolver seus próprios projetos na área. Um país inteiro, inclusive, já adotou o Bitcoin como moeda oficial (é o caso de El Salvador).
Porém, diante desse crescimento e de todas as possibilidades, o que o brasileiro pensa a respeito dos criptoativos? Ou melhor, quais são os objetivos que ele possui na hora de adquirir uma solução desse tipo? O movimento de popularização desse meio de pagamento ainda é recente. Portanto, compreender todas as nuances em torno desse aumento de interesse é a forma mais eficaz para desenvolver iniciativas mais eficientes.
Confira os principais tópicos que envolvem o país e as criptomoedas.
1. O brasileiro quer utilizá-las nas lojas físicas
As moedas são digitais, mas os brasileiros desejam utilizá-las para realizar compras também no varejo físico. Uma pesquisa realizada por uma empresa do setor mostrou que mais de um terço da população (36,2%) deseja comprar seus produtos em lojas de rua e em centros de compras com essa opção.
Essa demanda oferece uma ótima oportunidade de negócio para os diferentes lojistas, que podem desenvolver os próprios programas de pagamento por meio de tokens e criptomoedas, eliminando, assim, intermediários em suas transações.
2. Ela é vista como ferramenta além das operações financeiras
Engana-se quem pensa que as criptomoedas servem apenas para estabelecer a relação de troca na compra e venda de produtos e serviços, como uma moeda fiduciária tradicional. Pelo contrário, há um desejo intrínseco dos usuários de que elas possam destravar diferentes programas de fidelidade e engajamento, com promoções e descontos em sua utilização.
É o que afirmam quase 50% das pessoas na pesquisa já citada: esse grupo reconhece que essa possibilidade é uma forma de atração e incentivo ao mercado cripto.
3. Tem potencial para integrar carteira de investimentos
Ainda que o perfil de investimento do brasileiro seja, em sua maioria, conservador (ainda mais diante de instabilidades econômicas), as criptomoedas têm o potencial de integrar a carteira dos investidores no país.
Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, mostra que esse tipo de ativo já está presente em quase 15% das pessoas com algum tipo de investimento no Brasil. O número é três vezes maior do que na França e nove vezes maior do que na Inglaterra – nações bem mais consolidadas em relação às moedas digitais.
4. É considerada uma proteção para o dinheiro
A alta volatilidade de seus principais modelos, como o Bitcoin, faz com que essa categoria seja considerada um investimento de alto risco. Mesmo assim, diante do cenário de inflação alta, que corrói a renda e diminui o poder de compra do brasileiro, alocar parte do dinheiro nessa modalidade é visto como estratégia de proteção. Q
uase dois terços das pessoas (62%) admitem que consideram as criptomoedas o “futuro das finanças”, enquanto 53% acham que elas são uma forma confiável de “guardar” ativos, de acordo com pesquisa da exchange KuCoin.
5. O assunto ainda é recente e vai ser mais explorado
Mesmo diante de todo esse crescimento, as criptomoedas ainda são um tema recente e novo para os brasileiros. Segundo a corretora Gemini, praticamente quatro em cada dez brasileiros que possuem criptoativos em sua carteira de investimentos os adquiriram em 2021. Trata-se do maior indicador, ao lado da Indonésia.
Dessa forma, como o objetivo da maioria é o planejamento em longo prazo, há um espaço considerável de tempo para que os usuários possam se aprofundar no assunto e até corrigir/melhorar suas estratégias.
(*) Rubens Neistein é business manager da CoinPayments, processadora de pagamentos em criptomoedas.