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Por que os bancos enfim entraram na corrida dos criptoativos?

Os bancos largaram mal nessa corrida, mas estão recuperando terreno

11 ago 2022 - 04h00
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Foto: Bianca Holland / Pixabay

Se fosse uma prova de Fórmula 1, não seria exagero dizer que os bancos tradicionais estão em uma corrida de recuperação em relação aos criptoativos. Essas instituições supertradicionais largaram mal na disputa, mas atualmente não só estão recuperando o espaço perdido como já estão bem posicionadas nesse mercado para atraírem todos os usuários e desenvolverem novos modelos de negócios.

A conclusão faz parte de um estudo realizado pela Capco, consultoria global de gestão e tecnologia do Grupo Wipro. Segundo o levantamento, seis em cada dez pessoas (60%) que possuem algum criptoativo admitiram que usariam a instituição financeira que já têm conta para realizar esse tipo de investimento. 

Não bastasse isso, 32% confirmaram que poderiam fazer isso também. Ou seja, nove em cada dez usuários pensam na possibilidade de usar seu próprio banco como plataforma para investir no mercado cripto. Números valiosos demais em um setor que deve movimentar US$ 24 trilhões até 2027.

É apenas mais uma volta nessa verdadeira corrida pelos criptoativos. Diferentes empresas e organizações querem assumir as primeiras posições na preferência dos usuários para aproveitarem a onda de popularidade sobre o tema. As fintechs foram as primeiras a desbravarem o assunto, mas hoje até mesmo os Bancos Centrais começam a estudar e criar estruturas legais para essas transações – algumas até desenvolvem suas próprias moedas digitais. 

Mas diante desse cenário, o que levou os bancos a finalmente investirem e assumirem posições vantajosas? Confira algumas respostas.

1. Despertar mais confiança nas pessoas

Nos últimos anos, ficamos acostumados a ver diferentes empresas oferecendo serviços financeiros inovadores. De uma hora para outra, não precisávamos mais dos bancos para pagar contas, movimentar dinheiro ou realizar investimentos. Mas isso não significa que as instituições tradicionais perderam importância na vida dos usuários. Pelo contrário. 

Um levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) indica uma queda de 59% para 56% na confiança nas organizações financeiras tradicionais do que nas fintechs. Assim, é natural a preferência por utilizar uma empresa já conhecida para movimentar as criptomoedas.

2. Ter mais estrutura

É uma lógica simples: as instituições financeiras tradicionais possuem uma estrutura maior do que as fintechs, que trabalham com tecnologia. Isso significa que contam com melhores recursos, profissionais e capacidade de investimento do que as pequenas empresas para se adaptarem às demandas do mercado cripto.

Dessa forma, têm capacidade de desenvolverem soluções realmente inovadoras num curto espaço de tempo, possibilitando mais inovação e, claro, personalização no relacionamento com seus clientes. É uma escala que poucas fintechs integram no mercado global.

3. Concentrar diferentes serviços

A centralização dos bancos já foi apontada como um dos principais problemas do setor financeiro. Isso explicaria o sucesso das fintechs, que conseguiram ampliar o espaço de novas soluções. A questão é que, no caso dos criptoativos, essa concentração pode ser benéfica para os consumidores.

Afinal, com um cenário em que as criptomoedas ainda precisam se popularizar para o público em geral, estar lado a lado de serviços financeiros conhecidos é uma tática interessante. Isso permite que as instituições financeiras possam vinculá-los a sua própria conta ou cartão de crédito sem a aquisição de novos serviços. 

4. Inovação

Por fim, a adesão dos bancos às criptomoedas representa mais um passo dessas empresas rumo à inovação e à digitalização de seus serviços e operações. Tradicionalmente, o mercado financeiro sempre foi mais reticente às mudanças provocadas pela tecnologia. Por envolver a custódia de dinheiro, todo risco já é considerado elevado, e consequentemente, cada estratégia é pensada inúmeras vezes.

Entretanto, o que se viu nos últimos anos foi justamente uma abertura sem precedentes no setor, impulsionada pela presença das fintechs e pela própria demanda reprimida dos usuários. As instituições financeiras clássicas demoraram para perceber isso, mas quando aderiram, entraram num caminho sem volta. 

Hoje, por exemplo, já se imagina o open banking. Adotar as criptomoedas, portanto, é apenas um reflexo dessa preocupação de valorizar a experiência do consumidor.

(*) Rubens Neistein é business manager da CoinPayments, processadora de pagamentos em criptomoedas.

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