Qual o melhor país da América Latina para se aposentar? Confira posição do Brasil
Brasil está em 5ª posição na lista de sistemas previdenciários da América Latina, conforme índice global de sistemas previdenciários da Mercer e CFA Institute.
O Brasil está em 5ª posição na lista de sistemas previdenciários da América Latina. No comparativo de sete nações da região, o país fica atrás de Chile, Uruguai, México e Colômbia, segundo o 16º Índice Global de Sistemas Previdenciários, em parceria com o CFA Institute (MCGPI) da Mercer e do CFA Institute, organização global sem fins lucrativos especializada em educação financeira. O Brasil só fica acima de Peru e Argentina.
Para elaborar o ranking, a Mercer e o CFA avaliam três critérios: adequação (capacidade do sistema de atender às necessidades e expectativas dos beneficiários), sustentabilidade (capacidade do sistema se manter financeiramente viável e estável a longo prazo), e a integridade, englobando valores dos pagamentos para as necessidades dos aposentados, o crescimento econômico dos países, o déficit das contas públicas e regulamentação.
De acordo com o relatório, na América Latina, o subíndice de sustentabilidade, que é a capacidade do sistema se manter financeiramente viável e estável a longo prazo, é um desafio para a maioria dos sistemas previdenciários, principalmente na Argentina e Brasil.
De acordo com João Morais, líder da Mercer no Brasil, os sistemas de aposentadoria no mundo, e particularmente no Brasil, enfrentam uma série de desafios complexos, que se intensificaram nos últimos anos devido a mudanças demográficas, econômicas e sociais.
“Envelhecimento da população, longevidade, déficit previdenciário, informalidade do mercado de trabalho e adaptação do sistema à crescente flexibilização do trabalho, exigem uma abordagem multifacetada e um esforço conjunto de governo, sociedade e setor privado. A busca por soluções sustentáveis e justas é fundamental para garantir a proteção social para os aposentados e a estabilidade do sistema previdenciário a longo prazo”, afirma.
O relatório da Mercer, um dos negócios da Marsh McLennan, avalia também sistemas previdenciários de 48 países do mundo. No ranking global, o Brasil aparece na 33ª posição.
O sistema previdenciário dos Países Baixos se mantém no primeiro lugar da lista, com a Islândia e a Dinamarca em segundo e terceiro lugar, respectivamente. Na América Latina, destaca-se a melhoria significativa do México e do Chile ano após ano, assim como do Uruguai, este último colocando-se entre os 3 primeiros a nível mundial.
“Num mundo onde as taxas de fertilidade estão caindo e a esperança de vida está aumentando, os sistemas previdenciários estão no centro das atenções”, disse Pat Tomlinson, CEO Global da Mercer. “Garantir um forte alinhamento dos regimes de aposentadorias privados e públicos, aumentar a cobertura dos trabalhadores e incentivar uma maior participação na força de trabalho para aqueles que querem trabalhar em idades mais avançadas, são apenas algumas das formas de melhorar os resultados a longo prazo para os aposentados.”
Planos de contribuição definida para a aposentadoria
À medida que os governos e os empregadores procuram reduzir os seus custos futuros com aposentadorias e os seus riscos, os sistemas de aposentadorias em todo o mundo, incluindo os da América Latina, estão cada vez mais deixando de utilizar planos de benefícios definidos (BD) e mudando para acordos de contribuições definidas (CD). O relatório explora as oportunidades e os desafios associados aos planos CD, tanto para planos de aposentadoria como para indivíduos. Os governos, os empregadores e os planos de aposentadoria da região podem se apoiar nas recomendações indicadas no relatório, com a intenção de apoiar os participantes dos planos de contribuição definida a obter os melhores resultados de aposentadoria.
“A transição para planos de aposentadorias de contribuição definida apresenta desafios de planejamento financeiro para os futuros aposentados, que devem tomar decisões complexas que afetam a sua situação financeira atual. Muitos não estão preparados para essas decisões, destacando a necessidade de aconselhamento financeiro correto e digno. O Índice Global de Sistemas Previdenciários destaca lacunas na segurança financeira de longo prazo e justifica a necessidade de novas iniciativas na gestão de investimentos para atender a essas necessidades”, diz Margaret Franklin, CEO do CFA Institute.
Apesar desses desafios, à medida que as pessoas vivem mais, a maior flexibilidade e personalização oferecidas pelos programas de contribuição definida serão críticas. O conceito de aposentadoria está mudando e muitos indivíduos estão gradualmente fazendo a transição para a aposentadoria, ou reingressando no mercado de trabalho numa capacidade diferente após a sua aposentadoria inicial. Os planos de contribuição definida também oferecem benefícios importantes aos trabalhadores temporários, que são frequentemente excluídos dos regimes tradicionais de benefício definido.
“O avanço dos sistemas de aposentadoria precisa continuar à medida que as necessidades financeiras e as expectativas de trabalho dos aposentados evoluem”, disse David Knox, autor do relatório e sócio sênior da Mercer. “Não existe uma solução única para colocar os sistemas de previdência numa base mais sólida. Agora, é o momento de os governos, os decisores políticos, a indústria de fundos de pensão e os empregadores trabalharem em conjunto, para garantir que parte da população mais idosa seja tratada com dignidade e possa manter um estilo de vida semelhante ao que tiveram durante os seus anos de trabalho.”
Pontuação
Os Países Baixos registaram o valor total do índice mais elevado (84.8), seguidos de perto pela Islândia (83.4) e pela Dinamarca (81.6). O sistema de previdência dos Países Baixos continua a ter um impacto positivo em meio à mudança de uma estrutura de Benefícios Definidos para uma abordagem mais individual de Contribuição Definida, para além da forte regulamentação e apoios disponíveis aos participantes.
O Índice utiliza a média ponderada dos subíndices de adequação, sustentabilidade e integridade. Para cada subíndice, os sistemas com os valores mais elevados foram os Países Baixos para adequação (86.3), Islândia para sustentabilidade (84.3) e Finlândia para integridade (90.8).
O aumento da longevidade, as elevadas taxas de juro e o aumento dos custos de saúde colocaram uma pressão adicional sobre os orçamentos governamentais para apoiar os programas de aposentadorias, fazendo com que as pontuações fossem ligeiramente mais baixas este ano em geral. Entretanto, alguns sistemas, incluindo vários na América Latina, empreenderam reformas recentes para melhorar as suas pontuações nos últimos anos. O México é um exemplo notável disso, passando de uma nota C de 55.1 na pesquisa de 2023, para uma nota B de 68.5, em 2024.
De acordo com Leonardo Lara, líder da Mercer México, “o sistema de pensões mexicano estão se fortalecendo de forma abrangente. No que diz respeito aos trabalhadores do setor privado, com o aumento da aposentadoria mínima garantida e o aumento gradual do nível de contribuição, isso se refletiu num crescimento acelerado dos ativos do sistema. Isso é complementado pela evolução dos planejamentos e estratégias de investimento, acompanhada por uma governança corporativa sólida e regulamentações adequadas. Além disso, o benefício não contributivo da Aposentadoria Previdenciária teve um aumento significativo, ajudando a proporcionar um nível de rendimento que nos permite cobrir as necessidades básicas e nos aproxima de um nível de vida digno após a aposentadoria.”
O Chile, a Colômbia e a Argentina também melhoraram as suas pontuações em relação ao relatório de 2023, enquanto o Uruguai e o Brasil mantiveram as suas pontuações estáveis. Chile aparece como primeiro na avaliação geral da América Latina (74.9) e Uruguai (68.9) em segundo.
Na América Latina, o subíndice de sustentabilidade representa a maior oportunidade de melhoria para a maioria dos sistemas. “Globalmente, os sistemas previdenciários com as pontuações mais altas nesta área demonstram vários elementos-chave”, diz Tracy Teel, líder interina da Mercer para a América Latina e Caribe.
“Têm um elevado percentual da população em idade ativa coberta pelo sistema de pensões; possuem um conjunto significativo de ativos para financiar passivos futuros; e as suas taxas de participação na força de trabalho permanecem elevadas, inclusive para as pessoas que se aproximam da idade de aposentadoria (com idades entre 55-64 anos). Os responsáveis pelas políticas públicas que desejam ter um impacto significativo na sustentabilidade da sua organização devem se concentrar nessas áreas.”
De acordo com João Morais, os sistemas de aposentadoria no mundo, e particularmente no Brasil, enfrentam uma série de desafios complexos, que se intensificaram nos últimos anos devido a mudanças demográficas, econômicas e sociais.
“Envelhecimento da população, longevidade, déficit previdenciário, informalidade do mercado de trabalho e adaptação do sistema à crescente flexibilização do trabalho, exigem uma abordagem multifacetada e um esforço conjunto de governo, sociedade e setor privado. A busca por soluções sustentáveis e justas é fundamental para garantir a proteção social para os aposentados e a estabilidade do sistema previdenciário a longo prazo”, afirma.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.