Fiord e sócios dizem que planos de saúde da Amil têm viabilidade econômica
Grupo recém-formado fez acordo para receber R$ 3 bilhões para assumir carteira de 337 mil planos de pessoas físicas da operadora; negócio foi suspenso pela ANS
No primeiro pronunciamento desde que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu a migração de uma carteira de 337 mil clientes pessoa física da Amil, o grupo que pretende assumir a operação - formado pela empresa de investimentos Fiord Capital, pela Seferin & Coelho, de administração de hospitais, e pelo executivo Henning von Koss, ex-executivo da Medial Saúde e da própria Amil - disse acreditar que o negócio tem viabilidade financeira e pode se sustentar no longo prazo.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, 10, a empresa afirmou que a transferência "não trará prejuízos aos beneficiários". "O grupo, antes de participar e de vencer um processo muito competitivo, se debruçou e estudou a viabilidade da carteira da APS (empresa para a qual a Amil repassou os planos dos quais pretende se desfazer)", disse o grupo, em nota. A companhia disse que é possível "fazer melhorias ao serviço prestado" com o uso de tecnologia na administração.
Segundo apurou o Estadão, no entanto, a Amil teve dificuldades para encontrar um grupo disposto a assumir os planos de saúde contratados por pessoas físicas, que são considerados pouco rentáveis no mercado. Geralmente, segundo fontes do setor, esses planos concentram um grande número de usuários idosos, que geram mais custos. Por isso, as operadoras têm tentado se concentrar em planos coletivos, de empresas, sindicatos e associações.
O grupo também afirmou que vai "colaborar plenamente" com a ANS, com o objetivo de "comprovar que possui condições técnicas e expertise suficientes para assumir esse importante desafio, realizando uma transição suave e sem prejuízo para os beneficiários da APS".
Segundo fontes do setor, o grupo foi formado de olho no negócio da Amil. Nikola Lukic, o gestor sérvio naturalizado brasileiro à frente da Fiord, só começou a trabalhar integralmente no negócio a partir de novembro de 2021, quando as negociações relativas à carteira da Amil já estavam em curso, buscando os demais membros da operação posteriormente. O negócio com a Amil foi fechado em janeiro.
A ANS suspendeu a operação por dizer que não recebeu os documentos necessários à aprovação. O diretor-presidente da agência reguladora, Paulo Rebello, disse que a suspensão não tem prazo para acabar, podendo durar até um ano, se necessário.
O presidente do Instituto Brasileiro de Direito do Seguro (IBDS), Ernesto Tzirulnik, defendeu ao Estadão nesta quinta-feira, 10, que os clientes dos planos de saúde pessoa física da Amil sejam ouvidos antes da transferência da carteira á APS (Assistência Personalizada em Saúde) e que tenham voz na autorização ou não do repasse.
Entendo que é nulo esse negócio de cessão de contrato sem autorização do beneficiário. Mas o mercado cria uma espécie de ordem jurídica muito particular e opera segundo ela", disse Tzirulnik.