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Fitch rebaixa nota do Brasil e retira grau de investimento

16 dez 2015 - 12h50
(atualizado às 13h32)
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Foto: Reprodução

A agência de classificação de riscos Fitch Ratings rebaixou a nota soberana do Brasil de BBB- para BB+, primeiro degrau da escala de grau especulativo da agência. A perspectiva da nota permanece negativa, o que sugere novos cortes no futuro.

A Fitch se junta, assim, à Standard & Poor's (S&P), que tirou o grau de investimento do Brasil em setembro.  O segundo corte na nota para o nível especulativo impede que muitos fundos de investimentos globais invistam no país por regulamentos internos. A Moody's ainda classifica o país em Baa3 (equivalente a BBB-), mas a nota está em revisão para possível rebaixamento. 

Segundo a Fitch, o corte reflete a perspectiva de um aprofundamento da recessão acima do esperado, o contínuo desenvolvimento adverso do cenário fiscal e o crescimento das incertezas políticas, que pode atrapalhar ainda mais a implementação das medidas fiscais que poderiam estabilizar o crescimento da dívida.

Impeachment

O início do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff está aumentando as incertezas para um ambiente político já difícil e levando para um contínuo impasse político, avalia a Fitch. A agência ressalta que o resultado ainda é incerto, mas que prejudicará a implementação do ajuste fiscal. "As taxas de desemprego mais elevadas e uma crise econômica mais profunda poderiam levar a desafios políticos e de governabilidade adicionais no próximo ano".

A Fitch agora prevê um recuo de 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 e contração de 2,5% em 2016, com riscos para o lado negativo, ou seja, de a recessão ser ainda pior. O aumento do desemprego, as restrições do crédito, a confiança deprimida e a inflação alta pesam para o lado do consumo, enquanto a política e as incertezas da política econômica, o mal-estar do setor de construção e as investigações de corrupção na Petrobras têm ferido os investimentos.

O ambiente externo continua difícil para o Brasil com a queda dos preços das commodities, a desaceleração da China e o aperto das condições financeiras internacionais, avalia a agência.

O relatório da Fitch, assinado pela analista Shelly Shetty, ressalta que a perspectiva negativa reforça as incertezas e as chances de piora para os novos acontecimentos na economia, política e na área fiscal. “A deterioração do cenário doméstico está ampliando os desafios para que as autoridades tomem medidas oportunas para melhorar a confiança e as perspectivas de crescimento, consolidação fiscal e estabilização da dívida”.

Manifestações têm papel decisivo no processo de impeachment
Manifestações têm papel decisivo no processo de impeachment
Foto: Márcio Juliboni / O Financista

Pessimismo do mercado

Os mercados domésticos de ações e de câmbio acentuaram o movimento pessimista após a Fitch Ratings rebaixar a nota soberana do Brasil de "BBB-" para "BB+". A perspectiva da nota permanece negativa, o que sugere novos cortes no futuro. 

Às 12h51, o Ibovespa tinha queda de 1,10%, para 44.375 pontos, após ter descido na mínima de 44.094 pontos logo após o evento ser noticiado. No mercado de cãmbio, o dólar à vista tinha valorização de 1,02%, cotado a R$ 3,9534. A moeda norte-americana alcançou R$ 3,9655 na máxima após a decisão da Fitch.

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