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FMI corta projeção de crescimento do PIB do Brasil de 1,5% para 0,3% em 2022

Estimativa é menor do que a expansão prevista em outubro e reflete as dificuldades da economia brasileira de crescer diante do aumento de juros; FMI também reduziu a projeção de crescimento da economia mundial para 4,4%

25 jan 2022 - 11h10
(atualizado às 15h43)
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 0,3% em 2022, o que reflete as dificuldades da economia brasileira de se expandir num ritmo mais forte em meio à alta da inflação e dos juros. Na estimativa anterior, feita em outubro, o FMI projetava um crescimento de 1,5% do PIB do Brasil para este ano. O dado faz parte de um relatório do FMI publicado nesta terça-feira, 25, com novas projeções de crescimento da economia mundial. Com isso, o Brasil deve ter a expansão mais fraca de um grupo de 26 países, entre eles as principais economias avançadas e emergentes

O FMI também reduziu a estimativa de crescimento do PIB brasileiro em 2021 de 5,2% para 4,7%. Já para 2023, o órgão internacional prevê uma expansão de 1,6%, também menor do que os 2% previstos no relatório de desempenho econômico mundial de outubro. Com isso, o Brasil deve ter a expansão mais fraca de um grupo de 26 países, entre eles as principais economias avançadas e emergentes

Segundo o FMI, o corte nas projeções de crescimento para o Brasil tem relação com a resposta do Banco Central (BC) para combater a inflação alta, que fechou o ano de 2021 em 10,06% - no maior aumento de preços desde 2015. Desde março de 2021, o BC vem subindo a taxa básica de juros, a Selic, para conter a inflação.

No ano passado, a taxa Selic saiu de um patamar de 2% ao ano, em janeiro, para 9,75%, em dezembro. A taxa de juros é o principal instrumento do BC para combater a inflação, mas tende a esfriar a demanda na economia ao tornar o crédito mais caro.

"A projeção (para a economia) também se enfraqueceu no Brasil, onde a luta contra a inflação acarretou uma forte resposta da política monetária, o que vai pesar sobre a demanda doméstica", diz o relatório do FMI.

Gita Gopinath, economista diretora do departamento de pesquisa do FMI, ressaltou que o crescimento mais fraco da economia brasileira também reflete uma recuperação mais acelerada do PIB desde o início da pandemia, em relação a outros países. "O Brasil teve uma rápida recuperação e à medida que volta a níveis mais normais de crescimento há uma desaceleração", disse Gopinath, em entrevista coletiva. A economista também ressaltou que os preços dos produtos exportados pelo Brasil também devem ficar mais moderados em 2022, após um forte aumento no ano passado, o que também tende a desacelerar a economia.

As projeções do FMI têm sido alvo de frequentes críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, por indicar estimativas de crescimento econômico mais fracas do que as desejadas pelo governo. No ano passado, o FMI decidiu que fechará o seu escritório de representação em Brasília após uma negociação com o governo Bolsonaro.

Economia mundial

O FMI baixou as previsões para o Brasil em um contexto global de desaceleração da economia mundial, provocada em boa medida pelas dificuldades nas cadeias internacionais de produção e forte aumento dos preços de energia e de alimentos, o que gerou uma alta da inflação em todo o mundo.

O desempenho mais fraco do PIB do Brasil também reflete um crescimento menor da economia da China, onde o enfraquecimento do setor imobiliário e do consumo tem desacelerado a atividade econômica. A projeção do FMI é de uma alta de 4,8% do PIB da China para este ano, depois de um aumento de 8,1% no ano passado.

O FMI também revisou para baixo a projeção de crescimento da economia mundial de 4,9% para 4,4% neste ano. Entre as razões para o desempenho mais fraco está o avanço da variante Ômicron do coronavírus que restringiu a mobilidade em diversos países, prejudicando a atividade das empresas em alguns setores e a oferta de produtos.

O Fundo ressalta que a desaceleração do PIB mundial será influenciada em boa medida pela perda de vigor do crescimento dos EUA e da China. No caso da economia americana, o FMI fez uma expressiva redução da projeção do crescimento deste ano de 5,2% para 4,0%. O menor crescimento tem três fatores importantes: um deles foi a retirada, do cenário do Fundo, da aprovação pelo Congresso do plano de investimentos de US$ 1,75 trilhão proposto pelo governo do presidente Joe Biden para as áreas sociais, de educação e combate a mudanças climáticas. Além disso, também consideraram a antecipação da alta de juros pelo Federal Reserve e as dificuldades prolongadas da oferta.

Em relação à China, o FMI diminuiu a estimativa de crescimento de 5,6% para 4,8% em 2022 e baixou levemente de 5,3% para 5,2% no próximo ano. Foram determinantes para estas novas previsões do Fundo as restrições impostas pelo governo em Pequim para conter a proliferação da covid-19 e o estresse financeiro no setor imobiliário, condições que não permitiram um incremento mais firme do consumo.

Para a zona do euro, o Fundo cortou a estimativa de expansão do PIB de 4,3% para 3,9% neste ano. Restrições prolongadas de oferta e a covid-19 produziram uma revisão de 0,4 ponto porcentual, gerada em boa medida pelo impacto forte na economia da Alemanha pelos problemas nas cadeias internacionais de produção. Por outro lado, a expectativa de melhora do controle da pandemia levou o FMI a elevar a previsão de crescimento da região de 2,0% para 2,5% em 2023.

O Fundo elevou um pouco a previsão de alta do crescimento do Japão de 3,2% para 3,3% neste ano, enquanto aumentou de 1,4% para 1,8% em 2023, o que foi motivado por "melhorias antecipadas da demanda externa e a manutenção do apoio fiscal" à economia doméstica pelo governo.

Inflação

O FMI destacou que a inflação pelo mundo deve continuar elevada no curto prazo, pois deve registrar uma média de 3,9% em economias avançadas e 5,9% em mercados emergentes e países em desenvolvimento. Mas o Fundo apontou que os índices de preços devem desacelerar em 2023, o que pode ocorrer especialmente por causa do maior controle da pandemia, redução das rupturas das cadeias internacionais de produção, aperto da política monetária por diversos bancos centrais e um reequilíbrio da demanda do público, com menor compra de mercadorias e maior procura por serviços.

O Fundo também apontou que a inflação deve perder ímpeto em 2023 com menores preços de combustíveis. "Os mercados futuros de petróleo indicam uma alta próxima de 12% e do gás natural de 58% em 2022", aponta o FMI, ao ressaltar que tais aumentos devem perder fôlego no próximo ano. "De forma semelhante, é aguardado que os preços de alimentos subirão em um ritmo mais moderado próximo a 4,5% em 2022 e vão declinar em 2023."

A alta dos juros nos EUA também é um foco do FMI, pois pode apertar as condições financeiras globais "colocando pressão sobre as moedas de mercados emergentes e economias em desenvolvimento."

O Fundo destaca que há maiores riscos de redução da velocidade do crescimento global que dependerão de cinco fatores: a pandemia, aperto monetário nos EUA e efeitos para finanças mundiais, as cadeias de produção globais, pressões de alta de salários e seus efeitos na inflação e, por último, o desempenho do mercado imobiliário na China.

O Fundo também conclamou as autoridades internacionais a atuarem de forma cooperativa para avançar na vacinação contra a covid-19, sobretudo em países em desenvolvimento. A instituição multilateral destaca que 86 nações, responsáveis por 27% da população global, apresentaram problemas para atingir objetivos de imunização, o que significou a falta de 974 milhões de doses neste conjunto de países para atingir as metas definidas pelo FMI para 2021. "É necessária uma ação urgente para garantir um fornecimento equitativo e previsível de vacinas para economias em desenvolvimento através da COVAX e do African Vaccine Acquisition Trust."

Estadão
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