Focus: mercado financeiro eleva previsões para IPCA, PIB, câmbio e Selic de 2024; confira
Projeções apontam que inflação vai terminar o ano acima do teto da meta de 4,5%, em 4,71%
O mercado financeiro voltou a elevar as previsões para IPCA, Produto Interno Bruto (PIB), câmbio e taxa Selic para 2024. Segundo o relatório Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira, 2, a mediana para o IPCA deste ano subiu de 4,63% para 4,71%, acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, a projeção era de 4,59%.
A mediana para a inflação de 2025 subiu de 4,34% para 4,40%, mais próxima do teto da meta, de 4,50%, do que do centro, de 3%. A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo.
A mediana para a inflação de 2026 subiu de 3,78% para 3,81%, distanciando-se do centro da meta pela quinta semana seguida. A projeção para 2027 reduziu-se marginalmente, de 3,51% para 3,50%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o segundo trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária. O colegiado espera um IPCA de 3,60% nos quatro trimestres fechados nesse período, no cenário com a taxa Selic do Focus e dólar começando em R$ 5,75 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC).
Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,60% e desacelere a 3,90% em 2025.
PIB
A mediana para o crescimento do PIB brasileiro em 2024 subiu de 3,17% para 3,22%. Um mês antes, estava em 3,10%. A estimativa intermediária para 2025 ficou em 1,95%, mesmo nível da semana anterior. Um mês atrás, estava em 1,93%.
Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,0%, como já estão há 69 e 71 semanas, respectivamente.
Câmbio
A mediana para a cotação do dólar no fim de 2024 se manteve em R$ 5,70, interrompendo uma sequência de seis semanas de alta. Um mês antes, era de R$ 5,50. A estimativa para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,55 para R$ 5,60; para 2026, de R$ 5,50 para R$ 5,60; e, para 2027, permaneceu em R$ 5,50.
Considerando apenas as 45 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o dólar no fim de 2024 subiu de R$ 5,70 para R$ 5,77. A projeção para a cotação da moeda no ano que vem passou de R$ 5,60 para R$ 5,70, considerando 44 atualizações.
A moeda americana fechou a última sexta-feira, 29, no pico histórico de R$ 6,0012, puxada pelo desconforto do mercado com o pacote de ajuste fiscal do governo. Fatores técnicos, como a rolagem de contratos futuros e a disputa pela formação da última taxa ptax de novembro, também contribuíram para a alta.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Selic
A mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 11,75% pela nona semana seguida. Mas a estimativa intermediária das 62 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis subiu de 11,75% a 12,00%, indicando que a expectativa de um aumento de 0,75 ponto porcentual nos juros na próxima reunião do Copom, em 11 de dezembro, está crescendo no mercado.
A percepção de que o Banco Central terá de acelerar o ritmo do aperto monetário se fortaleceu na semana passada, após a frustração do mercado com o pacote de ajuste fiscal apresentado pelo governo. Economistas que se reuniram com diretores da autoridade monetária na última sexta-feira, 29, falaram na necessidade de um aperto de ao menos 0,75 ponto. A mediana da mais recente pesquisa Projeções Broadcast já indica uma alta dessa magnitude.
A mediana do Focus para a Selic no fim de 2025 subiu de 12,25% para 12,63%, sinalizando que os economistas estão divididos entre um juro de 12,50% e 12,75% no fim do ano que vem.
A estimativa intermediária para a Selic no fim de 2026 subiu de 10,00% para 10,50%, ante 9,75% há um mês. A mediana para os juros no fim de 2027 se manteve em 9,50%.