Focus: mercado projeta inflação de 4,65% este ano após redução no preço da gasolina
Número está abaixo do teto da meta perseguida pelo BC, de 4,75%; previsão para a Selic este ano foi mantida em 11,75%
Após o anúncio da Petrobras de redução de R$ 0,12 no preço do litro da gasolina na semana passada, a expectativa para o IPCA deste ano voltou a melhorar no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 23. A projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,75% na semana passada para 4,65% agora. Um mês antes, a mediana era de 4,86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção oscilou de 3,88% para 3,87%. Há um mês, era de 3,86%.
A estimativa do mercado para a inflação, com isso, ficou abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central para este ano. A meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos (de 1,75% a 4,75%). Com isso, o BC evitará descumprir a meta pelo terceiro ano seguido, após os estouros em 2021 e 2022.
Para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), a projeção continuou em 3,5% pela 13ª semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa seguiu em 3,5% pela 16ª semana seguida.
Taxa de juros
No caso da taxa Selic, a expectativa para o fim de 2023 foi mantida em 11,75% ao ano pela 11ª semana consecutiva no Focus. A expectativa segue a sinalização mais recente do Copom de que o ritmo de corte de 0,5 ponto porcentual é o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais duas vezes este ano: na próxima semana e em dezembro. Atualmente, após duas quedas, o juro básico da economia está em 12,75% ao ano. Para o término de 2024, a mediana se manteve em 9%.
No encontro de setembro, o Copom repetiu que antevê redução de 0,5 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para "manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário". Na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, acrescentou que a "barra" para acelerar ou reduzir o passo de corte está ligeiramente mais alta, sobretudo com os novos riscos derivados do cenário externo.
Os membros do Copom ainda afirmaram ainda que, dado o momento de grandes incertezas, não há ganhos em adiantar o tamanho do ciclo de cortes, mas reforçaram que será o necessário para garantir a convergência da inflação à meta.
No Boletim Focus, as projeções para a Selic no fim de 2025 e de 2026 continuaram em 8,5%, mesma mediana de quatro semanas atrás.