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Ford e UAW chegam a acordo provisório para encerrar greve nos EUA

26 out 2023 - 09h23
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O sindicato norte-americano de metalúrgicos United Auto Workers (UAW) chegou a um acordo trabalhista provisório com a Ford, a primeira das três grandes montadoras de veículos dos Estados Unidos a negociar um fim para as greves que mobilizaram 45 mil trabalhadores desde meados de setembro.

A proposta, que a liderança do UAW ainda precisa aprovar, prevê um aumento salarial de 25% ao longo do contrato de quatro anos e meio, começando com um aumento inicial de 11%.

O acordo com a Ford, que poder ajudar a criar um modelo para acertos trabalhistas para encerramento de greves paralelas realizadas em fábricas da General Motors e da Stellantis, representaria um aumento salarial total de mais de 33% quando os mecanismos de composição e custo de vida forem levados em conta, disse o UAW.

"Dissemos à Ford para pagar e eles pagaram", disse o presidente do UAW, Shawn Fain, em um vídeo publicado no Facebook, acrescentando que a greve na Ford "deu resultado".

Além do aumento geral dos salários, Fain disse que os trabalhadores temporários com ganhos mais baixos receberão aumentos de mais de 150% durante a vigência do contrato e que os funcionários alcançarão o salário máximo após três anos. O sindicato também conquistou o direito de greve em relação a futuros fechamentos de fábricas, disse ele.

O UAW também conseguiu eliminar os níveis de remuneração mais baixos para os trabalhadores em determinadas operações de peças na Ford - uma questão que Fain destacou desde o início do processo de negociação.

O contrato da Ford reverte as concessões acordadas pelo sindicato em uma série de contratos desde 2007, quando a GM e a antiga Chrysler, hoje controlada pela Stellantis, estavam caminhando para o colapso e a Ford estava vendendo ativos para se manter à tona.

"Sabemos que ele bate recordes", disse Fain. "Sabemos que ele mudará vidas. Mas o que acontecerá em seguida depende de todos vocês."

As montadoras de Detroit argumentaram que as exigências do UAW aumentarão significativamente os custos e prejudicarão suas ambições no mercado de veículos elétricos, colocando-as em desvantagem quando comparadas à Tesla e a marcas estrangeiras como Toyota, que não são sindicalizadas.

Membros do UAW estavam se preparando para entrarem em greve em uma importante instalação da Ford em Dearborn nesta semana, caso um acordo não fosse alcançado. Trabalhadores que integram o sindicato entrarem em greve em outras fábricas da GM e da Stellantis nesta semana.

Porém, em uma ação inesperada que aumenta a pressão sobre a GM e a Stellantis, o UAW disse aos trabalhadores da Ford para retornarem aos seus empregos durante o processo de ratificação do acordo provisório. Isso significa que a produção das picapes Ford Super Duty, dos utilitários esportivos Ford Bronco e Explorer e das caminhonetes Ranger poderá ser reiniciada esta semana.

A Ford confirmou a notícia. "Estamos satisfeitos por termos chegado a um acordo provisório sobre um novo contrato de trabalho com o UAW que abrange nossas operações nos EUA", disse o presidente-executivo da Ford, Jim Farley.

GM e Stellantis disseram na quarta-feira que estão trabalhando para garantir acordos o mais rápido possível com os trabalhadores.

"Isso estabelece as bases para os próximos dois contratos e elas devem se alinhar rapidamente, porque todos as três montadoras estavam a uma pequena distância uma da outra", afirmou o vice-presidente de previsão global de veículos da AutoForecast Solutions, Sam Fiorani.

O UAW aumentou a pressão sobre as montadoras ao organizar greves nas fábricas mais lucrativas de cada empresa: a da GM em Arlington, Texas; a de picapes pesadas da Ford em Kentucky e a fábrica de picapes Ram da Stellantis, em Sterling Heights, Michigan.

O prejuízo econômico total da greve dos metalúrgicos do setor automotivo chegou a 9,3 bilhões de dólares, informou o Anderson Economic Group no início desta semana.

No resumo dos termos do contrato acertado pelo UAW com a Ford, não houve menção a futuros salários e sindicalização nas novas fábricas de baterias para veículos elétricos que as três grandes montadoras de Detroit estão construindo com parceiros asiáticos.

Como elas pertencem a entidades corporativas separadas, as montadoras não precisaram incluir essas fábricas nessa rodada de negociação. Fain pressionou por garantias de que os salários das fábricas de baterias serão comparáveis aos das fábricas de veículos e expressou preocupação de que os empregos vinculados ao UAW nas fábricas de powertrain de modelos a combustão serão perdidos ao longo do tempo para as operações de baterias não sindicalizadas.

No entanto, Harley Shaiken, professor de direito trabalhista da Universidade da Califórnia, em Berkeley, viu o acordo como algo com implicações de longo alcance. "Esse é um conjunto de negociações, historicamente, em que os ganhos obtidos em Detroit serão adaptados por muitos outros setores da economia", disse ele.

O ex-acionista da GM, Jeffrey Scharf, da Act Two Investors, disse que o resultado final para o chefe do sindicato, Fain, depende de sua capacidade de expandir o alcance da entidade.

"Se eles puderem usar isso como uma alavanca para organizar os trabalhadores da Tesla e de empresas como ela, será brilhante. Se eles não conseguirem organizar as outras empresas e o diferencial salarial fizer com que os empregos saiam de Detroit e vão para outras montadoras, então ele será um fracasso", disse Scharf.

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