Funk, rap, trap e pop: empreendedor faz paródias com hits para divulgar marca de queijo e fica famoso nas redes
Douglas Gomes encontrou na música uma forma criativa para comercializar os produtos da sua terra natal pelas ruas do Rio de Janeiro
Não há como negar que o brasileiro é um povo muito criativo, que gosta de empreender e está sempre em busca de criar novas formas de ganhar dinheiro. O mineiro Douglas Gomes, de 30 anos, por exemplo, mostra que essa fama lhe faz jus. Nascido em Viçosa, Minas Gerais, ele faz paródias com hits famosos para comercializar os produtos da sua terra natal, como queijos, pelas ruas do Rio de Janeiro.
O empreendedor começou vendendo chocolate em trem e ônibus, depois passou a vender doce de leite na feira e, hoje, além dos queijos, vende cachaça, goiabada, geleia de pimenta e outros produtos oriundos de seu Estado. Embora comercialize todos esses produtos, é o queijo que o projetou nas redes sociais. O Mineiro do Queijo, como ficou conhecido, viralizou recentemente com a paródia de uma das músicas do grupo mexicano RBD:
@eumineirodoqueijo Rebelde e queijo combina! isso é Mineiro do queijo e RBD! 🤣❤️ #mineirodoqueijo #RBD #rebelde #showrbd #meme #parodia ♬ Rebelde - Live - RBD & Anahí & Dulce María & Maite Perroni & Christian Chávez
Douglas Gomes vende em toda a cidade do Rio de Janeiro. Além da famosa banda, o empreendedor cria paródias com funk, rap, trap e músicas pop. Em entrevista ao Terra, Douglas Gomes falou sobre a sua trajetória profissional. O mineiro é formado em teatro. Antes de chegar ao Rio de Janeiro, morou em São Paulo.
- Início de tudo
“Eu vim para o Rio em 2015. Aqui, eu precisava fazer alguma coisa para sobreviver. Primeiro vendi chocolate. Depois eu falei: ‘Por que eu não vendo doce de leite da minha cidade?’ Minha cidade tem o melhor doce de leite do Brasil'. Aí comecei a vender o doce na feira do meu bairro no ano de 2016”, relata o empreendedor.
Douglas Gomes conta ainda que começou a 'forjar um personagem' logo cedo. “Eu vendia o doce e usava o chapéu e bota, porque quando eu era criança meus tios me levavam em rodeios para falar versos de rodeio. Acho que daí veio essa coisa de rimar e criar paródias”.
- O surgimento do Mineiro do Queijo
Douglas ficou vendendo doce de leite na feira até o fim de 2016. “Em 2017, percebi que ficar vendendo doce de leite parado na feira não era minha praia, porque gosto de andar. Então, comprei um cooler, um carrinho e comecei a rodar nas ruas do meu bairro. Onde eu moro, em Piedade, Zona Norte do Rio, é uma região muito boêmia. Os meus clientes começaram a pedir pra mim queijo”.
Segundo o empreendedor, o queijo foi um estouro de venda: “No primeiro dia que eu já trouxe queijo, eu vendi muito rápido. Foi muito bom. E eu falei: ‘Poxa, o negócio é o queijo’. Aí todo mundo começou a me chamar de mineiro do queijo no meu bairro. Aí foi assim que começou a minha relação com o comércio de outros produtos mineiros”.
- A ideia em vender com hits
Com talento de rimar desde criança, Douglas só despertou para a possibilidade de unificar a rima com as vendas por meio de uma conversa na academia. “Um dia fui à academia e o professor falou assim comigo: ‘Olha, mineiro, que legal. Esse cara aqui faz músicas para vender os produtos dele’. O cara vendia balas e tal. Aí eu falei: ‘Nossa, eu sei fazer isso’. Na hora eu já fiz umas três músicas”, lembra.
Era 2019, o funk tocava o dia inteiro pelas ruas do Rio. “Pensei: 'Aqui no bairro toca muito funk. Vou começar a fazer paródias de funks pra vender meus produtos'. Quando comecei, vi que era uma maneira de me aproximar do público. Todo mundo ria, achava engraçado. Fiquei conhecido no meu bairro. Quando chegava para vender, os clientes pediam uma música nova, e eu cantava”.
- A fama nas redes sociais
Talentoso e famoso no bairro, o reconhecimento do público da internet só veio a partir de 2020. “Veio a pandemia. Pouco antes, eu tinha criado um Instagram. Comecei a anunciar os produtos nas redes sociais e apareceram pedidos. As pessoas estavam em casa e queriam comer um doce, uma geleia, um queijo”.
No Instagram, Gomes conta que chegou a acordar e passar horas respondendo mensagens de pedidos. “Em média, chegavam três mensagens por minuto. Antes das redes sociais, entregava só no meu bairro, porque eu sou da Zona Norte. Com os pedidos, comecei a entregar em toda cidade do Rio de Janeiro”, lembra.
“Eu não tenho funcionários ainda. A única coisa que eu delego é a entrega. Vai um motoboy e, se tiver mais entregas, mando de táxi. Mas o restante eu que faço. Eu tinha uns 200 clientes cadastrados antes da pandemia. Após a pandemia, cheguei a ter 3 mil clientes cadastrados. Hoje tenho uns 3.500, mais ou menos, no WhatsApp”, celebra.
O número de clientes de Douglas Gomes ainda é pequeno se comparar com a quantidade de seguidores que o vendedor tem nas redes sociais. No Instagram, o empreendedor possui 122 mil seguidores. Já no Tiktok são mais de 150 mil usuários. “Pretendo criar um e-commerce, pois quero entregar no Brasil todo. Hoje em dia, a maioria das pessoas que me acompanham nas redes sociais é de outros Estados. E eu não consigo atender”.
- Faturamento
No período antes da pandemia, o empreendedor faturava diariamente, em média, R$ 10 mil mês quando estava na rua. Durante a pandemia, esse valor passou a ser todo mês de R$ 25 mil a R$ 35 mil. Atualmente, o faturamento é de R$ 15 mil, muito por conta do esforço com publicidade.
Com o número de seguidores que conquistou nas redes e com a fama de vendedor criativo, muitas marcas procuraram Gomes para campanhas. Ele já realizou, por exemplo, publis para Burger King e Stone. “Hoje, o meu maior faturamento é com publicidade. Às vezes eu deixo de estar vendendo para estar fazendo conteúdo”, revela.