Fusão entre Gol e Azul pode aumentar preço das passagens?
As companhias aéreas terão controle de 60% do mercado, caso as negociações para operação conjunta seja aprovada
As companhias aéreas Azul e Gol assinaram há uma semana um memorando de entendimento para as negociações de uma fusão entre as duas empresas. A expectativa no mercado é que esse processo junto aos órgãos reguladores leve um ano, o que permitirá o início da operação conjunta das duas companhias em 2026.
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Diante das negociações acerca da união dos negócios das duas aéreas brasileiras, que, juntas, deterão mais de 60% do mercado brasileiro, muitos questionamentos são feitos em relação ao preço das passagens. Afinal, viajar de avião ficará mais caro?
No comunicado feito pelo Grupo Abra, investidor majoritário da Gol Linhas Aéreas, a mensagem enviada ao mercado foi que as partes esperam que uma combinação de negócios resulte em eficiências e reduções de custos, beneficiando diretamente os consumidores.
Economistas, no entanto, alertam que a concentração da oferta de passagens em um único grupo econômico pode resultar no aumento do valor dos bilhetes, mas o ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho negou que uma eventual diminuição da concorrência signifique tarifas mais caras.
Em entrevista à imprensa, Costa Filho declarou que encara a possível fusão como uma "federação partidária", com manutenção de autonomia financeira e governança. De acordo com o ministro, a pasta não vai permitir o incremento no preço das passagens aéreas.
Ganhos de eficiência operacional e redução de custos
Arnóbio Durães, professor da FIA Business School, afirma que a união das duas principais companhias aéreas do país pode resultar em uma concentração significativa de mercado, embora as empresas planejem manter marcas e operações separadas, compartilhando apenas infraestrutura operacional e otimização de voos.
“Há preocupações de que a redução da concorrência direta entre as duas companhias possa levar ao aumento das tarifas aéreas. No entanto, a consolidação pode trazer ganhos de eficiência operacional, como a redução de custos administrativos e otimização de rotas, o que poderia ser revertido em benefícios ao consumidor”, explica.
A nova empresa controlaria aproximadamente 60% do mercado doméstico, enquanto a Latam permaneceria com cerca de 40%. Apesar dessa concentração, o cenário ainda não configura um monopólio completo. “A manutenção de operações separadas e o fortalecimento de rotas regionais podem ajudar a evitar o domínio total de mercado”, acrescenta Durães.
Fernando Canutto, sócio especialista em Direito Empresarial e Direito Societário, vai na mesma linha e também aponta que “essa união pode resultar em maior eficiência operacional, expansão de rotas e redução de custos, beneficiando os consumidores com mais opções e serviços aprimorados”.
O que significa o memorando assinado pelas aéreas
O memorando de entendimentos reforça o interesse da Azul e da Gol em continuar as negociações em relação à proposta de troca de ações e marca o início do processo para a obtenção de aprovações regulatórias, incluindo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O que motivou a negociação pela fusão
As companhias aéreas têm enfrentado dificuldades financeiras nos últimos anos, especialmente após a pandemia de covid-19. A maioria foi forçada a reestruturar dívidas e várias entraram em recuperação judicial. A própria Gol está em processo de reorganização nos Estados Unidos desde o início de 2024.
Quando a fusão será concluída
A fusão entre a Gol e a Azul ainda não foi realizada. A conclusão do processo de reestruturação da Gol é uma condição essencial para a efetivação da fusão. A Gol está trabalhando para sair do Chapter 11 (Código de Falências dos Estados Unido) até maio de 2025 e a fusão só poderá ser concluída após a finalização bem-sucedida desse processo.
O memorando de entendimento para possível combinação de negócios entre as aéreas prevê que a companhia combinada converterá suas ações preferenciais em circulação em ações ordinárias, que serão listadas no segmento Novo Mercado da B3 e na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse).