G20 busca metas para PIB em meio a disputa entre ricos e emergentes
Brics irão discutir a criação de um banco de desenvolvimento; Mantega não participará do evento
A cidade de Sydney, na Austrália, recebe neste sábado e domingo os ministros de finanças e executivos dos bancos centrais das 20 principais economias globais, o chamado G20. Em meio a uma disputa de forças entre países ricos e emergentes sobre estímulos cambiais, o encontro busca traçar metas claras de crescimento mundial com objetivos específicos, conforme proposto pelo país sede.
Diferentemente da última reunião de líderes, em Davos, com presença da presidente Dilma Roussef, a participação brasileira no G20 será limitada ao secretário de assuntos internacionais, Carlos Bicalho Cozendey, que acompanhará também as reuniões do Brics - grupo que reúne também Rússia, Índia, China e África do Sul. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não estará no evento.
Em Davos, Dilma tentou reverter a imagem negativa entre investidores, apresentando o Brasil como "uma das mais amplas fronteiras de oportunidades de negócios". No entanto, o retorno não foi tão positivo. Segundo o Financial Times, o Brasil foi o grande perdedor do Fórum: “não foi fácil ouvir alguma notícia positiva sobre o País”. Sem Dilma e Mantega, pouco deve mudar para o Brasil no G20, ainda mais com a reação uniforme dos países desenvolvidos sobre as queixas de desequilíbrio cambial.
Ricos x Emergentes
Os emergentes querem que o Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, calibre a redução de seu estímulo para mitigar o impacto em suas economias e mercados financeiros. Países desenvolvidos responderam que os problemas no mundo emergente são em sua maioria produzidos dentro deles mesmo e taxas de juros domésticas precisam ser determinadas com as recuperações domésticas em mente.
E o recado foi dado claramente por Alemanha, EUA e Japão. "Mercados emergentes precisam adotar medidas próprias para colocar sua casa fiscal em ordem e adotar reformas estruturais", disse o secretário do Tesouro dos EUA, Jack Lew, em uma conferência financeira em Sydney antes das reuniões ministeriais.
O alemão Wolfgang Schaeuble disse à CNBC que países emergentes precisam primeiro fazer sua lição de casa, antes de exigir solidariedade do resto do G20. Já o japonês Taro Aso afirmou que a redução do estímulo do FED é positivo, mesmo que levante o risco de fortes saídas de capital de outros países. "É importante que economias emergentes corrijam essas coisas com seus próprios esforços", disse Aso em Tóquio.
Um esboço do comunicado final, noticiado pela Bloomberg News, mostra que os países desenvolvidos devem sair em vantagem na "batalha". A agência afirma que a busca por crescimento prevaleceu sobre as preocupações com a volatilidade nos mercados emergentes que ameaçavam ofuscar a reunião.
"Estamos comprometidos em desenvolver novas medidas para elevar de forma significativa o crescimento global, ao mesmo tempo em que mantemos a sustentabilidade fiscal", diz o esboço, segundo a Bloomberg. "Reconhecemos que as políticas monetárias expansionistas em economias avançadas precisarão se normalizar no devido momento, em linha com crescimento mais forte."
Países em desenvolvimento, da África do Sul ao Brasil e Rússia, viram suas moedas desvalorizarem nos últimos meses uma vez que a perspectiva de retornos mais altos nos EUA drenou fundos externos de suas economias. O vice-primeiro-ministrode e Estratégia e Finanças da Coreia do Sul, Hyun Oh Seok, sugeriu que o FED e outros importantes bancos centrais poderiam ao menos esforçar-se para evitar surpresas em sua política.
O G20 representa 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio global e dois terços da população do mundo. Os países que fazem parte do bloco são Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia.
Com informações da Reuters.