G20 defende reformas na OMC e reafirma compromisso com Acordo de Paris
Documento final da reunião de cúpula, encerrada hoje na Argentina, cita que resultados da entidade estão aquém dos objetivos
O comunicado final da reunião de cúpula do G20 defende uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC). O documento reafirma a contribuição do sistema multilateral de comércio, mas os líderes ponderam que seus resultados estão aquém dos objetivos e reconhecem que há espaço para melhora.
"Nós assim apoiamos uma necessária reforma na OMC para melhorar seu funcionamento", diz o texto, sem deixar claro que regras poderão ser modificadas. Não há qualquer menção à escalada de medidas protecionistas por parte dos membros do G20, mas apenas uma menção a "questões comerciais".
Sobre o Acordo de Paris, o comunicado explicita que os países signatários do tratado reafirmaram o compromisso com sua implementação completa, refletindo responsabilidades comuns e diferenciadas, conforme suas respectivas capacidades e circunstâncias próprias. O documento menciona que, para os membros do acordo, ele é irreversível. "Vamos continuar a lidar com a mudança climática enquanto promovemos o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico", diz o texto.
No documento, os Estados Unidos reiteraram sua decisão de deixar o Acordo de Paris e afirmam seu compromisso com o crescimento econômico e acesso à energia com segurança, assegurando o uso de todos os tipos de fontes de energia e tecnologias, além da proteção ao meio ambiente.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também já sinalizou a intenção de sair do acordo em um de seus discursos. Durante a cúpula, porém, Michel Temer tentou minimizar essa possibilidade, ressaltando que uma coisa é o que se discute agora, e outra é quando um presidente faz quando toma posse.
Desigual
O comunicado avalia que o crescimento mundial ainda segue forte, mas reconhece que ele tem se tornado "crescentemente" mais desigual entre os países. Além disso, riscos-chave, incluindo a vulnerabilidade financeira, se materializaram parcialmente.
O texto nota que há "questões comerciais" afetando a economia mundial, mas não fala em aumento da tensão. Os líderes do grupo reafirmam a intenção de usar todos os instrumentos possíveis para se alcançar um crescimento forte, sustentável e equilibrado e trabalhar para conter riscos de piora da atividade.
Antes do G20, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado para indícios de que a atividade mundial pode estar sofrendo desaceleração em ritmo mais forte que o inicialmente esperado.
"A política monetária vai continuar a apoiar a atividade econômica e assegurar a estabilidade de preços", ressalta o texto, que também fala da necessidade de se avançar com reformas estruturais, da construção de amortecedores fiscais, assegurando que a trajetória da dívida pública é sustentável.
O texto destaca ainda a necessidade de os países investirem em infraestrutura, mas ressalta que é essencial a atração de recursos do setor privado.
Temer, que retornou ao Brasil antes do encerramento do G20, usou seu último discurso na plenária da reunião também para falar de infraestrutura e defendeu, como forma de atrair recursos privados para o financiamento das obras, a possibilidade de conversão de projetos em títulos comercializáveis, com o objetivo de criar nova classe de ativos financeiros vinculados à infraestrutura.
Japão sedia novo encontro
O presidente argentino Mauricio Macri encerrou nesta tarde o G20 em cerimônia que transmitiu a presidência rotativa do grupo para o Japão, que será sede das reuniões de cúpula em 2019 e escolheu a cidade de Osaka para sediar os encontros. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, participou da cerimônia.
As reuniões no Japão já têm datas definidas. A principal delas é a de cúpula, marcada para os dias 28 e 29 de junho, e deve contar com a participação de Bolsonaro, a primeira do presidente eleito em encontros do G20. Já os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais vão se reunir um pouco antes, em 8 e 9 do mesmo mês.
"O G20 foi um momento de enorme responsabilidade", disse Macri na cerimônia. Somente na Argentina foram mais de 80 reuniões este ano. No ano passado, a presidência do grupo foi da Alemanha e a reunião de líderes foi na cidade de Hamburgo, marcada por uma série de protestos. Em Buenos Aires, a reunião foi realizada em local afastado do centro, mas houve protestos na praça em frente ao Congresso.