Galípolo diz que não há 'bala de prata' para resolver questão fiscal e rejeita ideia 'ataque especulativo' contra o real
Em entrevista coletiva em Brasília, Galípolo também fez a avaliação de que o Banco Central tem a confiança do presidente Lula
O diretor de Política Monetária do Banco Central e presidente da autarquia a partir de janeiro, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira, 19, que não existe uma "bala de prata" que possa resolver a questão fiscal do país no curto prazo e que, por isso, é necessário tratar do assunto de forma contínua.
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Em entrevista coletiva em Brasília, Galípolo também fez a avaliação de que o Banco Central tem a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não só em mim, mas em toda a diretoria do Banco Central: de que ela vá desempenhar o trabalho que ela precisa para focar na inflação”, disse.
Galípolo falou que não há rotina de dar ciência ao presidente Lula sobre o que o BC pretende ou vai fazer. “Nem do ponto de vista legal, e ele jamais chegou perto de discutir comigo sobre o que o Banco Central vai fazer em qualquer tipo de reunião”, afirmou.
Dólar em alta e suposto ataque especulativo
O futuro presidente do BC disse também que a ideia de um ataque especulativo contra o real como movimento coordenado não explica bem a situação do câmbio neste momento. “Eu acho que não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim, como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando em um único sentido”, disse.
“Basta a gente entender que o mercado funciona, geralmente, com posições contrárias. Para existir um mercado, precisa existir alguém comprando e alguém vendendo. Então, toda vez que o preço de algum ativo se mobiliza em alguma direção, você tem vencedores e perdedores. Eu acho que a ideia de ataque especulativo enquanto algo coordenado não representa bem.”
Galípolo também afirmou que autoridade monetária está dando grande demonstração de força institucional com a sinalização de elevação dos juros nas próximas duas reuniões. “A materialização de alguns riscos retirou alguma incerteza da frente para a gente, permitindo que nós conseguíssemos enxergar um pouquinho mais à frente”, disse.
“Em função de todas as razões aqui apresentadas, o tamanho do anúncio que a gente fez de um alta de 100 bps (1 ponto porcentual) e prevendo mais duas altas de 100 bps fazia sentido e faz sentido para o orçamento que a gente imagina que é necessário nessa dose e nesse passo.”
*Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo