Gerdau deve iniciar operação de laminador de usina em Ouro Branco em janeiro
SÃO PAULO (Reuters) -O presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, anunciou nesta quinta-feira que o laminador de bobinas a quente instalado na usina siderúrgica de Ouro Branco (MG) entrará em operação em janeiro do próximo ano, com uma expectativa de crescimento gradual de produção ao longo de cinco meses.
O equipamento tem capacidade para 250 mil toneladas de aços planos laminados e deverá ajudar a companhia a alcançar previsão de ter 40% das entregas no próximo ano sendo de produtos planos, disse Werneck em apresentação a investidores.
O percentual marca forte evolução do segmento no conjunto de negócios da Gerdau no Brasil, uma das mais tradicionais produtoras de aços longos das Américas. A companhia inaugurou a operação de planos no Brasil na usina de Ouro Branco em 2013, e em 2017 a categoria representava 25% das vendas.
Segundo Werneck, se o novo laminador já estivesse operando à plena capacidade a Gerdau já teria toda a futura produção adicional vendida, em meio a uma demanda no mercado interno que segue se mostrando com tendências sólidas.
A Gerdau anunciou mais cedo ajustes em sua projeção de investimentos para os próximos anos, que passou a ser de 9,2 bilhões de reais, dos quais 3,4 bilhões já foram concluídos e incluem o novo laminador de Ouro Branco. Os 5,8 bilhões de reais restantes do total projetado devem ser aplicados "majoritariamente até 2027".
Werneck afirmou que a Gerdau já concluiu as revisões de operação de capacidade produtiva no Brasil, com as paralisações neste ano das usinas de Barão de Cocais (MG) e Cearense (CE) e transferência de produções para outras instalações no país. As decisões foram tomadas para melhorar a competitividade da empresa em meio à forte concorrência com os aços importados.
O executivo citou que as medidas de proteção comercial anunciadas pelo governo em abril, que impuseram um regime temporário de cotas e sobretaxas sobre alguns produtos siderúrgicos conseguiram, "no geral", reduzir importações, mas que a política contem "furos", como os realçados pelo forte volume de material que tem chegado ao país via Manaus.
Segundo o Werneck, o setor está conversando sobre os problemas com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), que tem se mostrado "aberto" a ajustes. A Gerdau quer a inclusão de novos produtos na lista original atingida pelas medidas.
"A parte mais difícil foi vencida e vamos chegar a um ponto de equilíbrio com o Mdic", disse Werneck. "Estou otimista com o que vem pela frente."
Questionado sobre preços no mercado interno, Werneck afirmou que a Gerdau está em "uma jornada para recompor rentabilidade" em produtos longos e que nos próximos trimestres a operação da empresa no Brasil deve entregar resultados maiores.
Já sobre os projetos de mineração, que têm na programação da empresa investimentos de 3,2 bilhões de reais, a Gerdau pode tomar uma decisão sobre eventual aumento de produção para além de 5,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano em Miguel Burnier (MG) no começo de 2026.
MÉXICO E EUA
No México, a Gerdau segue com estudos para a implantação de uma usina de aços especiais de 500 milhões de dólares no país, mas Werneck afirmou que a empresa ainda "está distante" de tomar uma decisão definitiva sobre a execução do projeto. O levantamento da viabilidade técnica-financeira deve ficar pronto até o final do ano, disse o vice-presidente financeiro da empresa, Rafael Japur.
Os executivos comentaram que parte da decisão para um eventual sinal verde para o empreendimento passa pelo resultado das eleições nos Estados Unidos e pelas primeiras medidas a serem tomadas pelo governo da presidente mexicana Claudia Sheinbaum, que tomou posse nesta semana. "Vamos ser muito parcimoniosos numa decisão dessas", disse o presidente da Gerdau.
Na América do Norte, o presidente da operação, Chia Yuan Wang, lembrou que anos eleitorais costumam ser marcados por retardos em decisões de investimentos por consumidores de aço e que a demanda está fraca em comparação com últimos anos, mas que as tendências para a economia norte-americana são positivas. Wang citou o movimento de queda de juros, a estratégia de "reshoring" e programas de investimento governamental em infraestrutura.
"Com certeza 2025, 2026 e 207 vão ser anos mais intensos de infraestrutura nos EUA", disse o executivo ao comentar sobre as expectativas para a demanda futura por aço do país.