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Golpe do Contador rouba dados e dinheiro de MEIs desavisados

Quadrilhas usam nomes de contadores para roubar MEIs; Veja como se proteger

16 fev 2023 - 06h10
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Foto: Freepik

Os microempreendedores individuais (MEI) são os alvos da vez dos criminosos. E dessa vez eles estão ainda mais minuciosos e engenhosos para aplicar o Golpe do Contador.

Tudo começa com uma mensagem de oferta de crédito. A proposta, enviada pelo que parece ser uma instituição financeira confiável, é tentadora: acesso facilitado a um montante maior do que a renda do empreendedor abordado permitiria. O custo, porém, é bastante alto: além de convencer os MEIs a pagarem por um serviço desnecessário, os golpistas obtêm informações pessoais que podem ser usadas em uma série de fraudes, financeiras ou não.

“Essa quadrilha ataca exclusivamente quem é MEI, porque os microempreendedores costumam colocar o telefone deles no cartão de CNPJ”, diz a coordenadora de fiscalização, ética e disciplina do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Franciele Carini. “Passando-se por uma instituição financeira, eles afirmam que conseguem aprovar crédito e pedem os documentos da pessoa. Para comprovar a renda, solicitam a Declaração Comprobatória de Percepção  de Rendimentos (Decore), mas quando a recebem, afirmam que o documento está errado.” 

Quando os criminosos já possuem em mãos as informações de que precisam para pedir empréstimos, contratar serviços e até abrir empresas em nome de terceiros. Os golpistas vendem à vítima um serviço de contabilidade falso para emissão de uma Decore ilegítima. 

“Então, ele indica outro membro da quadrilha como se fosse profissional da contabilidade e a vítima aceita pagar pela emissão da falsa declaração”, conta Franciele. Depois do pagamento, a quadrilha desaparece.

Golpe cresceu no período da pandemia

O Golpe do Contador não é exatamente novo, mas tornou-se mais comum a partir da pandemia, com a ampliação da disponibilização de crédito e da comunicação entre instituições financeiras e seus clientes por mensagem. 

Encenação para dar credibilidade ao golpe tem até um membro da quadrilha responsável por se fingir de contador. Ele usa o nome de profissionais legítimos da contabilidade, obtidos nos sites dos Conselhos Regionais da categoria. Assim, envolve pessoas outras inocentes na fraude.

“Tanto o MEI é lesado quanto o contador que tem seu nome usado, embora de formas diferentes. Às vezes, o profissional só vai ficar sabendo do processo quando é abordado por fiscalização ou quando descobre seu nome envolvido em uma denúncia”, afirma a vice-presidente de fiscalização do CFC, Sandra Campos.

Como evitar evitar eses tipo de golpe?

Desconfiar de ofertas generosas demais é o primeiro conselho de Sandra Campos.

“Os bancos ganham dinheiro em cima de juros. Se a taxa é muito baixa, tem que desconfiar e se certificar. Para isso, é possível entrar em contato com a própria instituição financeira ou com o Conselho de Contabilidade do estado”, diz ela.

Outra dica dada pelas especialistas é, antes de contratar ou pagar por um serviço de contador desconhecido, conferir todos os dados do profissional no site dos Conselhos Regionais, inclusive o registro profissional. 

“Eles usam os nomes, mas outros dados costumam não bater. O DDD da pessoa que atende à vítima geralmente não corresponde ao do contador real, por exemplo”, conta Franciele.

As especialistas enumeram ainda quatro dicas para os MEIs:

  • • Nunca forneça seus dados pessoais e documentos para desconhecidos, inclusive imagens do seu rosto, senhas e números de cartão. Na dúvida, opte por resolver questões envolvendo essas informações pessoalmente;
  • • Fique atento aos links enviados por SMS e WhatsApp. Nenhuma instituição bancária vai solicitar cadastro ou códigos por esses meios com essa finalidade;
  • • Ative sempre o fator de dupla verificação/autenticação dos seus aplicativos e dispositivos móveis;
  • • Não realize o pagamento de taxas ou depósitos como condição para liberação de crédito. Nenhuma instituição financeira solicita esse tipo de pagamento.

O que fazer se você for vítima do golpe?

Se o MEI descofiar que foi vítima de golpe, pode conferir, por exemplo, a assinatura digital e as Decores emitidas pelos profissionais de contabilidade no sistema do Conselho Federal de Contabilidade para se certificar de que foi atendido por um verdadeiro contador.

Confirmada a desconfiança, é importante registrar a ocorrência na Polícia Civil e fazer a denúncia no Conselho Regional de Contabilidade. É primordial apresentar registros da conversa com os golpistas.

Redação Dinheiro em Dia
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