Governo condicionará aval à parceria entre Boeing e Embraer à preservação de empregos
Segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, manutenção dos empregos será uma das principais diretrizes para aprovar a criação de uma nova companhia da empresa brasileira com a americana Boeing
BRASÍLIA- O governo estabeleceu que, além da preservação da autonomia na área de defesa da Embraer, a manutenção dos empregos será uma das principais diretrizes para aprovar a criação de uma nova companhia da empresa brasileira com a americana Boeing. Na lista das questões estratégicas definidas pelo governo como essenciais para o fechamento do negócio estão, ainda, determinados mercados e a capacidade de desenvolvimento tecnológico.
A preocupação do Palácio do Planalto, porém, é não passar a mensagem de interferência nas negociações, que deve ter a Boeing como empresa majoritária no controle da nova companhia, com 80%. O assunto é tratado como sigiloso por causa da repercussão sobre as ações da Embraer na B3, Bolsa de Valores de São Paulo. Mesmo assim, o governo vai exigir o cumprimento de algumas premissas para a união, segundo uma fonte a par das negociações. Caso contrário, poderá vetar o acordo, já que é detentor de uma golden share (ação que dá direito a veto em importantes decisões) desde a privatização da Embraer, em 1994.
Um auxiliar do presidente Temer disse que é preciso "juntar dois interesses e encontrar pontos de convergência". Segundo ele, a preservação de emprego "tão qualificados", num momento como esse, é uma questão "estratégica." A garantia de suprimento e a manutenção de peças das aeronaves também são vistas como primordiais para o negócio.
O interesse da Boeing é reforçar, com a aquisição, sua atuação na aviação comercial de médio porte, segmento no qual a Embraer figura entre as três maiores fabricantes mundiais. O acordo, que envolve, por exemplo, a fabricação de aviões de 150 lugares, está em negociação desde o ano passado, quando a Airbus surpreendeu o mercado global ao anunciar a compra de 50,1% do programa de jatos comerciais da Bombardier.
Depois de concretizado o negócio com a Boeing, a marca Embraer usada nos jatos comerciais deixaria de existir, permanecendo apenas nas aeronaves produzidas pela Embraer Defesa, como o KC 390 e o Tucano. A proposta de associação prevê que Embraer Defesa detenha participação minoritária na receita da nova empresa, criada a partir da junção da Embraer com Boeing.