Governo reduz previsão do PIB e vê mais inflação em 2014
Ao mesmo tempo em que passou a ver menor expansão econômica neste ano, o governo aumentou a estimativa de receitas extraordinárias para tentar cumprir a meta de superávit primário, num momento em que enfrenta duras críticas sobre a gestão das contas públicas.
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Agora, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é de 1,8% para este ano, menor do que os 2,5% esperados até então, segundo relatório bimestral de receitas e despesas divulgado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento nesta terça-feira.
O número ainda é mais otimista do que a projeção do Banco Central, de crescimento de 1,6% neste ano, em que a presidente Dilma Rousseff tenta a reeleição. Economistas ouvidos pela autoridade monetária na pesquisa Focus, por sua vez, veem expansão de apenas 0,97% neste ano. Em 2013, o PIB cresceu 2,5%.
Neste contexto, o governo também calculou que as receitas extraordinárias somarão R$ 27,016 bilhões entre julho e dezembro deste ano, acima dos pouco mais de R$ 24 bilhões esperados para o período de maio a dezembro.
Segundo o documento, no novo valor estão incluídos R$ 18 bilhões distribuídos a partir de agosto de 2014 e que se referem, entre outros, ao Refis - programa de parcelamento de débitos tributários. No último dia 10, o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, havia informado que o Refis geraria receita extra de R$ 15 bilhões neste ano.
No fim de maio, a Receita também havia informado que esperava para todo o ano receitas extraordinárias de R$ 28,4 bilhões. Sem mencionar projeções com dividendos e concessões, o governo informou também que já incorporou às receitas não administradas os R$ 2 bilhões referentes a pagamento de bônus da Petrobras neste ano pela assinatura do direito da estatal explorar óleo excedente em áreas do pré-sal.
O uso de receitas extraordinárias tem sido uma das principais ferramentas para o governo buscar a meta de superávit primário nos últimos anos, o que acaba afetando a confiança dos agentes econômicos. Em 12 meses até maio, último dado disponível, a economia feita pelo setor público para o pagamento dos juros estava em 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB), aquém do objetivo estipulado para este ano, de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB.
Neste cenário de fiscal mais apertado, o governo também piorou a estimativa para a alta do IPCA a 6,20% neste ano, frente aos 5,60% calculado antes, aproximando-se do teto da meta do governo -de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. O relatório também mostrou que o governo elevou em R$ 714,5 milhões tanto a previsão de despesa obrigatória neste ano quanto a de receitas.